É pertinente refletir num ambiente voltado para a Bioética sobre comportamentos profissionais no ecossistema da beira do leito que envolvem conjuntos de inter-relações entre bióticos e abióticos em processos de tomada de decisão honrados pela teoria e ao mesmo tempo humanos, gratificantes e frutíferos na prática.
Sequências profissionais de observar, sentir, pensar e deliberar embasam, tradicionalmente, a distribuição de condutas cientificamente reconhecidas de acordo com as realidades clínicas como indicação, não indicação e contraindicação.
Por isso, as fontes do coletivo dado experiência e pela literatura e do individual articulado ao exame específico do paciente em questão devem caminhar associadas na atenção à saúde, ou seja, é essencial conjugar conhecimentos sobre doenças provenientes de modos universais de validação e sobre cada ser humano que adoece ao seu modo.
Para a autoavaliação da segurança profissional frente a desafios, dilemas e conflitos é útil ter consciência sobre o que corresponde tão somente a consumo de informações na dependência da memória profissional e o que é uso de conhecimento epistemica e hermeneuticamente bem incorporado pela perfeita absorção do que fundamenta legitimidade e credibilidade de evidências, quer científicas, quer bem vivenciadas, idealmente num contexto de transdisciplinaridade. Tensões de precisão sobre informação (menor segurança) e conhecimento (maior segurança) afetam a qualidade das interlocuções no ecossistema da beira do leito.
A comunicação no ecossistema da beira do leito materializa-se de maneira singular pois o abiótico “fala” e num tom por vezes bem alto, impositivo mesmo. O eletrocardiograma, a ressonância magnética e o exame de sangue costumam se pronunciar como última palavra apesar de serem considerados vozes complementares.
O ecossistema da beira do leito inclui linguagem proveniente de distintas vozes como a da medicina – e ciências da saúde em geral-, do médico- e dos profissionais da saúde em geral-, do paciente/familiar, da instituição de saúde e do sistema de saúde. A Bioética da Beira do leito é uma voz com intenção de flexibilizações estratégicas admissíveis e respeitadoras de normas morais, aspectos culturais, identidade coletivas e sentido de self que se envolve com as 25 possíveis combinações de interação representadas no Pentágono da Beira do leito.
Estas realidades de relacionamento comprometem-se com qualidade de aplicações bióticas e abióticas segundo bases éticas/morais/legais e têm como requisito importante – que deve ser importado- a solidariedade. Em níveis constitutivos interpessoal, em equipe ou institucional, a solidariedade é objeto de atenção da Bioética em consonância com evitação de injustiças/iniquidades na aplicação de técnicas e atitudes em circunstâncias com fortes impactos habituais da vulnerabilidade humana.