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1157- Bioética e princípio da autonomia (Parte 6)

Bioamigo, a Bioética presta-se à educação, ao treinamento e à aplicação do que embutido no princípio da autonomia na beira do leito deu expressão para a voz ativa do paciente a partir da década de 80 do século passado.

As poucas décadas desde então foram, contudo, insuficientes para clareamentos acerca da interação beneficência- não maleficência-autonomia, “trigêmeos” na adoção em Belmont (1978), mas de “personalidades” distintas, o que já denunciavam efeitos complexos.

Recorde-se que a motivação da Bioética principialista inclui fortemente as indignidades com pesquisas clínicas da primeira metade do século XX, passando por Nuremberg em 1947 e o consolidado na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos em 2005.

Não obstante, como acontece habitualmente, a alta preocupação com o abuso – por exemplo, a lavagem cerebral de um leigo- traz dificuldades para uma rotina de uso e acentua as complexidades -plexo=dobra- nas interações entre a ética, a moral e o legal. A Bioética pode contribuir para o pensamento e para o planejamento sobre como desfazer as dobras, muitas vezes por ajustes.

Neste aspecto, Comitês de Bioética enfatizam o valor da Prudência no processo de tomada de decisão. Esta virtude intelectual que lida com a razão e o bom senso auxilia o profissional da saúde a distinguir o que deve ser (des)feito e o que não deve ser (des)feito.

Considerando a progressão de conduta recomendável, conduta aplicável e conduta consentida, a Bioética enfatiza que é, por exemplo, prudente, o profissional da saúde estimular a participação ativa do paciente durante as duas primeiras fases. É iniciativa altamente contributiva para gerar ajustes possíveis antidobraduras ainda na quentura do caldeirão. Pensar alto na beira do leito sobre a ciência é uma arte na beira do leito que se aperfeiçoa em retrações e amplificações pela coleção das repercussões. Algo como o paciente considerado parte da equipe, o que parece bastante natural à Bioética da Beira do leito.

De fato, a comunicação pari passu beneficia a prática da Deliberação que compreende o compartilhamento das informações cogitadas pelo profissional da saúde com o paciente de modo simultâneo às respostas aos dados e fatos. É do cotidiano: O exame de ultrassom identificou tal diagnóstico, se uma tomografia confirmar, a conduta recomendável será tal… É comunicação cujo consentimento para a segurança do diagnóstico já representa um passo inicial, uma pré-autorização para a terapêutica, agora até mesmo ansiada pelo paciente.

Uma ideal convergência de pensamentos atestando uma comparticipação representa uma justaposição humana adaptada às circunstâncias com honestidade, boa-fé e legitimidade e que impacta no nível de adesão e na compreensão de eventuais intercorrências. Aliás, é o que costuma acontecer na beira do leito com pequenas variações caso a caso.

O entendimento mútuo, ou seja, o paciente mais prontamente esclarecido sobre a tecnociência e o profissional da saúde tendo a oportunidade de conhecer melhor a pessoa do pessoa ao fortalecer a conexão médico-paciente  promove a presteza, ou seja,  aumenta o tempo disponível para que possam ocorrer as integrações entre o rigor tecnocientífico, a abertura para o desconhecido e o imprevisível e a tolerância à opinião contrária. Facilita ambos, profissional da saúde e paciente capaz a vivenciar níveis distintos de realidade, a utilizar a memória, a imaginar um futuro em função das informações e esclarecimentos, ou seja, facilitam-se as transformações do Talvez em Sim ou Não, ou mesmo a metamorfose definitiva de um Sim e ou de um Não apriorísticos.

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