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1154 – Bioética e princípio da autonomia (Parte 3)

Na alimentação dos variados ingredientes do processo de tomada de decisão, há o livro textual, há a diretriz clínica orientadora, há o mundo real da beira do leito… e há Bioética que pretende o equilíbrio entre o interior do profissional da saúde e as sujeições externas.

Curiosamente – e boa notícia- todos os profissionais da saúde praticam cotidianamente a Bioética, embora muitos sem a conscientização de que se trata da mesma. Esta capilarização oculta, porque útil, deve servir de motivação para o interesse de todos por complementações mais elaboradas providas por Comitês de Bioética. Em especial, como segunda instância para torres de Babel de vozes da ciência e do ser humano no decorrer do processo de tomada de decisão na beira do leito.

As realizações na beira do leito comportam basicamente combinações de Recuperar o órgão doente, Preservar o órgão saudável e Não agravar morbidades. As chances são avaliadas no processo de tomada de decisão e efetivadas na utilização do decidido. A transformação da pressuposta utilidade em de fato útil no caso nem sempre ocorre conforme presumida e pode dar lugar ao inútil ou até mesmo ao prejudicial.

Razões das diferenças de obtenção de resultados incluem alcance beneficente/risco maleficente dos métodos, qualidade da aplicação profissional, individualidades do paciente, bem como elementos ligados à instituição de saúde e ao sistema de saúde. Considerando o Pentágono da beira do leito, são 26 combinações possíveis (10, 2 a 2, 10, 3 a 3, 5, 4 a 4,  e 1 com os 5) que em face às influentes presenças dos sentimentos, dos contextos e de determinantes sociais, requer da beira do leito forte atenção ao trinômio composto por clareza – que evita ambiguidades-, precisão – e não exatidão- e expertise – como cuidar do que se deve cuidar.     

A Bioética, entendida como um imperativo a ser aplicado em função de uma ansiedade ética provocada pelas diversidades de produção e de apreciação dos efeitos das ciências da saúde, tem forte interesse pelo que acontece no desenvolvimento dos processos de tomada de decisão na beira do leito. Auxilia o profissional da saúde a atuar tanto como  caçador-coletor de dados e fatos, quanto como empreendedor-transformador de condutas. Coopera para a harmonia entre pensar, sentir e atuar frente a questões intelectualizadas, para a sinergia entre o correto e o honrado uso da teoria e o humano, o gratificante e o frutífero emprego. Ajuda a distribuir a qualidade das decisões em:

a) científicas e necessárias;

b) científicas e desnecessárias;

c) não científicas.

Enfatiza o valor da transdisciplinaridade que  promove o diálogo sem objeções das origens e que vai além e através  das disciplinas, transcultural, conciliador entre ciência e tradição, sensível à arte, à literatura, à experiência espiritual. Enfim, a Bioética provê matérias-primas indispensáveis para a construção das pontes necessárias para ultrapassar abismos entre ciência e humanismo.

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