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1130- O sentido, a função e os (a)casos da beira do leito (Parte 1)

A Bioética preocupa-se com as repercussões afetivas do conhecimento, com as possibilidades de os progressos do saber virem a provocar regressos da sabedoria e desequilíbrios em ecossistemas.

A beira do leito é local assim abalável pela infinita diversidade de circunstâncias de interação com a tecnociência – a validada, a sob estudo, a sonhada- e a exigência da visão de respeito ao bem-estar da coletividade biótica deste ecossistema.

Conexões médico-paciente cada vez mais associadas a (a)casos clínicos iniciam-se com determinadas intenções das partes, propósitos para o próprio comportamento e expectativas sobre o comportamento do outro.

À medida que a  justaposição prossegue e impactos repercutem, costumam ocorrer reconfigurações de atitudes, assim dando formas peculiares aos atendimentos.

Nada que o bioamigo não tenha já vivenciado na beira do leito e despertado dúvidas exigentes de respostas pelo norte da experiência que tocou, que produziu saber com sabedoria pela vivência dos acontecimentos- o que difere do saber tão somente pela informação.

O profissional da saúde tem obrigatoriamente necessidade de adquirir experiência crítica com a pessoa do paciente, com o que lhe acontece. Antigamente, a experiência do médico era apreciada pela intensidade das manchas de sangue na roupa, atestado do contato profissional, atualmente, uma maneira de dar credibilidade é pela coleção de desafios, dilemas e momentos de incerteza de fato enfrentados. Na beira do leito, Johann Wolfgang von Goethe (1879-1832) é aplicável: Dize-me com quem andas e eu te direi quem és. Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar. Bem como Aristóteles (384ac-322 ac): É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.

A Bioética da Beira do leito ajuda a refletir sobre as possibilidades de redimensionamentos sequentes após um momento inicial da conexão médico-paciente redutível como Eu vou atender – Eu serei atendido. O verbo atender carrega uma polissemia que inclui dispor-se, ajudar, providenciar, adaptar-se.

Os vários significados cabem nos objetivos da Bioética da Beira do leito articulados com a desejável excelência ética/moral/legal. As reflexões para efetivar experiência devem estar motivadas pela sensibilidade para “parar para pensar”, “parar para sentir”, demorar-se nos detalhes, interromper o automatismo.

Em outras palavras, a Bioética da Beira do leito dispõe-se a cooperar com a disponibilidade para receptividades críticas a respeito do que nos  acontece no exercício profissional, ao que somos expostos numa travessia com riscos para o alcance de objetivos e passível de gerar metamorfoses desde a formatura até a aposentadoria.

Ademais, a Bioética da Beira do leito enfatiza que mesmo acontecimento na beira do leito pode ser configurado de modo distinto, ou seja, pode provocar experiências profissionais distintas e, assim, o saber derivado da experiência admite singularidades entre os profissionais da saúde apesar de eles estarem constituídos numa comunidade de interpretação, ética semelhante, estéticas (estilos) distintas.

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