Bioamigo, é fundamental preservar a saúde da beira do leito. Inclui cuidar para que o profissional da saúde mantenha-se capaz de num mesmo momento existir como identidade profissional, coexistir com a tecnociência validada e atualizada, relacionar-se com a vulnerabilidade do paciente e interagir com a diversidade do ser humano. Arrola princípios éticos, valores morais e determinações legais.
Não precisa mais do que a noção de um ecossistema para perceber como as complexas interdependências entre bióticos e abióticos são etiopatogenias de males da beira do leito. Por isso, é defensável o profissional da saúde considerar que a saúde da beira do leito que lhe diz respeito deve ser continuadamente reavaliada pela capacidade de empreender adaptações aos desafios técnicos, sociais e psicológicos que se sucedem.
A atualidade contingencial da convivência de bióticos e abióticos na área da saúde que faz crer que a única constante é a mudança – a pandemia pelo novo coronavírus reforça- requer planejamentos e replanejamentos estruturais e operacionais com exigências de tempo variáveis. As adequações são essenciais para a preservação da beira do leito como ambiente com condições qualificadas de trabalho.
A Bioética da Beira do leito preconiza que, muito embora haja especialistas na gestão organizada da beira do leito imprescindíveis para o trabalho em equipe com infraestrutura, todo o profissional da saúde é um artífice administrativo em potencial da beira do leito em que atua. A argumentação sustenta-se pela atuação de linha de frente que possibilita captar a infinita plasticidade dos contornos das realidades.
A história da medicina de tantas remodelações fundamentadas pelo progresso tecnocientífico e suas boas e más decorrências dá crédito a este ponto de vista desintoxicante e arejador da administração da beira do leito por nós… também.
- The Doctor exhibited 1891 Sir Luke Fildes 1843-1927 Presented by Sir Henry Tate 1894 http://www.tate.org.uk/art/work/N01522
Assim, a vivência na beira do leito que se pretende alinhada ao contemporâneo associa-se a um constante repensar endêmico do profissional da saúde sobre o próprio profissionalismo.
É um campo de ativa reeducação do cuidar do outro e do cuidar de si desde a graduação até a aposentadoria. Uma sintonia vigilante sobre saturações e declínios e articulada por pensamentos que não podem deixar de lado subordinações universalmente admissíveis, mas que precisam manter soberano e independente o ideal do livre pensar.