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1015- Pit-stop na beira do leito (Parte 5)

Cada paciente traz uma carga biográfica e em função de algum trauma ou de uma habitualidade de hierarquização de evitação do que poderia vir a representar um problema,  ocorrem as reações de maior ou menor consentimento.  Por outro lado, o médico traz uma carga bibliográfica que articulada a sua vivência e consciência profissionais sustenta um profissionalismo de obrigação de valorizar a prevenção  ajustada a cada caso.

A Bioética da Beira do leito adverte que é situação onde o antes e o depois  colecionam  infinitas narrativas. Um inicialmente contrariado paciente, tornado ansioso pela possibilidade de algum diagnóstico inquietante, pode vir a se rejubilar pela normalidade e adquirir novo gás para a continuidade da vida. Ou então, conformar-se com algum achado e  passar a conviver com uma observação de perto ou após a resolução retornar ao estilo prévio de vida. Ou então, lamentar-se de um mau prognóstico ou de alguma intercorrência incapacitante motivada pela terapêutica.

Tudo isso serve de advertência para o médico, que ele necessita constituir uma lógica e uma filosofia de profissionalismo para alicerçar suas condutas. Estar consciente que o estado da arte não está isento de imprevisibilidades e de contraposições e que nunca poderá dispensar o lápis e a borracha ético/moral/legal que atuam num constante feedback com as realidades da beira do leito.

Ninguém gosta de falar sobre a própria morte, contudo, sua inevitabilidade faz com o médico mais ou menos explicitamente a aborde, que diagnosticando, quer tratando, quer prevenindo. O paciente sabe disto mas costuma jogar para debaixo do tapete mental. Quando o médico levanta a ponta do tapete, uma tempestade emocional pode ocorrer, a sensação de desequilíbrio, perda do controle da própria vida que está sendo entendida como saudável e prazerosa.

Lidar com saúde significa entra em contato com distintas ideias sobre o que de fato ela significa, especialmente na sua articulação com doença e bem-estar e sujeitas a ópticas individuais. Há uma pluralidade de propósitos admissíveis, fios condutores relevantes para as práticas. Há similaridades, mas distinções sobre bem-estar fazem diferenças, particularmente as relacionadas com as tensões entre  momento atual e futuro.

Há fatos da natureza biológica do ser humano e há reducionismo ditados pelo estilo de vida, o primeiro liga-se à tecnociência – incluindo o olhar preventivo- e o segundo dependente da experiência do paciente com a saúde com forte participação de influências culturais. Conciliar, eis a questão. Alô Bioética!

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