A letra C é a terceira letra do nosso alfabeto e vale cem como algarismo romano. Registra a História que o polímata Benjamim Franklin (1706-1790) propôs um novo alfabeto que não continha a letra C, a ser substituída por S ou K.
Bioamigo, a letra é destaque na beira do leito. Ela associa-se ao indispensável kit do médico contemporâneo formado por caneta, carimbo, celular e computador e a uma dezena de valores indispensáveis na beira do leito: carisma, cautela, clareza, compaixão, compreensibilidade, competência, comunicação, conexão, confiança e consistência, aqui dispostos em ordem alfabética.
No alinhamento entre conexão médico-paciente e sistema de saúde, a letra C é inicial em meia dúzia de valores das modernas boas práticas.
ultura do atendimento: A Bioética da Beira do leito destaca que o comportamento na beira do leito contemporânea deve ser sustentado pelo tríplice acolhimento das evidências das ciências da saúde, do profissionalismo em equipe e da voz ativa do paciente. É essencial que seja desenvolvida uma harmonia entre a tríade Quero?/Posso?/Devo?. Uma maneira de qualificar o entendimento é a agregação do profissional da saúde, como o médico e o enfermeiro ao núcleo familiar do leigo. Decorre um alinhamento entre desejos e efetivas atuações que contribui para uma desejável personalização da conexão médico-paciente. Uma visão de equipe onde ganham a prudência e o zelo, duas virtudes do ser humano que são valores maiores no atendimento às necessidades de saúde.
ompetência profissional: A Bioética da Beira do leito hierarquiza uma obviedade: o profissional da saúde necessita atuar com conhecimento, habilidade e atitude, este trio que compõe a competência. Há formas de a praticar. Demandam treinamento e constante atualização e lapidação. A transdisciplinaridade é essencial, pois é vigoroso fator de eficiência poder ir além de si próprio pelo que se aprende com o outro na harmonia de uma equipe.
onfiança: A Bioética da Beira do leito entende que o nível de confiança interpessoal é capital para estimar benefícios e malefícios em atendimentos às necessidades de saúde. Assim, vale muito o desenvolvimento de uma modelagem que dê uma identidade de confiança na conexão médico-paciente/família. Ela contribui para reduzir a sensação de vulnerabilidade habitual em momentos de doença e suposições de riscos desnecessários, ou seja, o fortalecimento da crença que a aplicação de métodos da medicina e ciências da saúde em geral dar-se-á segundo rigor ético/moral/legal.
redibilidade: A Bioética da Beira do leito alerta para o valor da credibilidade no sistema de saúde, o que se conjuga com a reputação e a transparência. Esta credibilidade está intimamente associada à alocação de recursos, ou seja, que haverá uma justa liquidez disponível para sustentar o momento da necessidade. Por isso, é essencial que haja o bom esclarecimento de incertezas cogitáveis e cogitadas, pois definições das regras do jogo eliminam muitas fontes de frustração ao conscientizarem sobre expansões e limitações.
ontinuidade: A Bioética da Beira do leito valoriza a continuidade de um projeto baseado numa persistência bilateral de propósitos que coopere para a satisfação da mutualidade dos interesses. O relacionamento entre conexão médico-paciente/família e sistema de saúde não deve ser na base de monólogos justapostos, a mais adequada consecução ética/moral/legal de Quero?/Posso?/Devo? requer diálogos encadeados. A continuidade judiciosa forja necessárias aberturas a qualquer excesso de rigor, especialmente perante temas tão complexos como os relativos à saúde, bem como a tolerância a contraposições. É o uso sensato e continuado do lápis e da borracha em busca do melhor retrato da conexão médico-paciente/família em sintonia com o sistema de saúde.
omunicação: A história do Brasil inclui a perda de um médico e o ganho de um comunicador. José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha (1917-1988), desistiu de prosseguir estudante de medicina e tornou-se um mestre em comunicação popular. A Bioética da Beira do leito reconhece a comunicação da comunicação. De fato, é essencial que se pratique a comunicação técnica entre as evidências científicas e as evidências clínicas desde o paciente, por intermédio do profissional da saúde. Já a comunicação interpessoal faz a compreensão especialmente pelo leigo sobre os aspectos básicos das reciprocidades possíveis e qualificadas entre profissional da saúde, paciente/família e sistema de saúde e, assim, serve de ponto de referência para o alcance do bem-sucedido, o antônimo de se trumbicar.