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945- Utilidade e útil (Parte 8)

A distinção entre o substantivo utilidade e o adjetivo, podendo ser substantivo, útil – presença do préstimo- está associada à potencialidade beneficente de resultar realizada.

É essencial que o paciente perceba utilidade como capacidade de vir a ser útil a fim de não criar falsas expectativas e frustrar-se mais do que justificável caso a beneficência não ocorra na materialização de um benefício, ou seja se a utilidade, porventura, vier a ser inútil no caso.

Bioamigo, suponhamos a evidência por conclusões de pesquisas clínicas de utilidade que fundamenta a inclusão do  anti-hipertensivo X em diretrizes clínicas sustentada por 87% de normalização da pressão arterial sistêmica como um fármaco com inovador mecanismo de ação e que supera a droga então habitual Y em mais de 20% do efeito objetivado. Acresce a bivalência do uso que associa controle terapêutico dos níveis elevados de pressão arterial e prevenção do fator de risco para decorrências cardiovasculares. Justifica-se, pois, ter a preferência prescritiva sempre que recomendada.

Cogita-se, pois, de maior chance de utilidade, mas não há certeza que será útil para um determinado paciente, ou seja, não é possível afiançar uma reciprocidade paciente-fármaco que se reflita evolutivamente no esfigmomanômetro e na preservação de órgãos-alvo.

Cabe então a pergunta: Uma intenção-decisão da utilidade-verdade- como de X – tornar-se-á útil? Uma resposta Sim ou uma resposta Não não poderão ser enquadradas como verdadeiras ou falsas, pois a caracterização dependerá do resultado individual da prescrição.

Em função da penumbra prescritiva, haverá uma distribuição a ser verificada pós-adesão entre plenamente útil, parcialmente útil, inútil e proporcionalidades entre útil e malefício (efeito adverso).

Por isso, persiste atemporal a afirmação clássica que medicina é profissão de empenho, de aplicação de utilidades, mas não de garantia de resultado, ou seja de certeza de útil.

Estas nuances de linguagem podem parecer supérfluas, um Elementar meu caro Watson na boca do Sherlock Holmes, mas carrega um valor na beira do leito pela influência decisiva na avaliação sobre a compreensão do paciente por ocasião do consentimento dito esclarecido.

É certo que a população tem noções sobre chances de utilidade não resultar útil para si, todavia em caso de reclamação ética, o modo como utilidade é interpretada como útil conta muito. O paciente consente com a utilidade pretendendo – e pressupondo- que ela se realize útil. Oxalá aconteça!

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