De repente, um vírus – o maior predador atual do ser humano- modificou nossa rotina e trouxe o desconforto. Quem diria, preocupações de até então que imaginávamos sérias sofreram um eclipse e na penumbra iniciamos uma corrida de barreiras estranhamente aconselhados a uma mínima mobilidade.
Submissos, a hierarquia da vida tornou-se uma dramática ordem sanitária no cotidiano para poder, com um suspiro de alívio, voltar aos dias das velhas preocupações da rotina interrompida. Lógico que trocaríamos a liberdade de ir e vir pelo irritante congestionamento do trânsito de todos os dias. Tudo é relativo!
Fomos em frente com uma nova forma de inter relação humana em nossas cabeças atordoadas. Perdidos, acossados e sem chance da indiferença ao diferente. O inverno da Europa no retrovisor. O novo coronavírus comportou-se tendo a posse de um anel de Giges virado para baixo, invisível e todo-poderoso, balizando e manipulando nossos passos… e palavras. Fora do microscópio, a visibilidade do vírus é o efeito… e que efeito! Será tudo isso mesmo? Não vale pagar para ver… Que o eletrônico domine o ar que não propagará o vírus.
No descanso que cansa, temos a sensação de fluir por um plano inclinado escorregadio. Pela inevitável mentalização de um determinismo que nos descarrilha do livre-arbítrio, recorremos às aptidões de um lápis/borracha mental e na posse desta insuperável baixa tecnologia nos direcionamos para desenhar e redesenhar metas e estratégias de contensão. Entre guarda e lata do lixo, rascunhos se sucedem de permeio com faces ocultas, mistérios, enigmas e superstições. Temos muito para compreender, um ineditismo em excesso à capacidade imediata de compreensão. A expressão como pneumonia deu lugar a um caráter sistêmico. Era importante enfatizarmos que desacertos – bem-intencionados- sempre geraram ajustes com melhor sentido e procuramos nos convencer que sacrifícios não poderiam ser em vão. Reabriremos nosso negócios com mais sorrisos, voltaremos a estudar com mais dedicação, viajaremos com mais entusiasmo, valorizaremos mais a saúde, ouviremos mais os médicos, seremos os primeiros na fila de uma campanha de vacina… Será mesmo?