A transitoriedade das coisas é uma permanente (sem trocadilho) lição da beira do leito. Uma alta hospitalar é ilustrativa. Como disse o chinês Sun Tzu (545ac – 470ac), na paz prepare-se para a guerra (doença/tratamento) e na guerra prepare-se para a paz (saúde/prevenção).
Tudo passa, as inquietações de doentes, as insatisfações com a atenção a suas necessidades de saúde, as indecisões sobre o que aceitar- e, até mesmo, boas avaliações. Para que haja as movimentações em seu melhor sentido evolutivo é essencial que o médico consiga formar amplo campo de visão de perspectivas caso a caso e, assim, materializar-se um consciente agente ético, moral e legal da beira do leito.
Apegos tenazes – ao rigor tecnocientífico, por exemplo- e desapegos reativos circunstanciais – reconfortantes ou conformados- convivem tanto com a submissão a normas- regulamento do hospital-, quanto com quebras de padrão -ajustes criativos-, tornando as individualidades de decisões sujeitas a diversidades de interpretação.
A beira do leito não é exatamente um campo projetado para priorizar manobras intelectuais. Elas cabem, mas o local é prioritariamente designado para a aplicação de evidências tecnocientíficas para cuidar de evidências de doenças e, pela pluralidade de conjunções, a compreensão do valor da interrelação com o paciente é uma vantagem no exercício das responsabilidades do médico.
Estas pinceladas ilustrativas do profissionalismo médico motivam a pergunta: Quanto leva, em média, um médico recém-formado para dominar este abecê?
Há os rápidos no aprendizado e exemplifico com uma médica da geração millennium, representante da feminização da medicina brasileira. Ela captou fácil como um atendimento deve ser atendido de acordo com a contemporaneidade do conceito de saúde/doença/medicina.
Apresento-lhes BBL. Ela é médica pós-graduada que atua num hospital ligado à universidade. A doutora goza de bom conceito entre pacientes e colegas/funcionários, fruto do respeito a sua autenticidade. Ela, evidentemente, não está isenta de opiniões divergentes da sua forma de ser um profissional inspirado em liberdade e independência. Ela organizou-se para conciliar sua vida de casada e de mãe com a presença no hospital e em congressos da especialidade.
BBL valoriza a tradição da medicina preservando ensinamentos da faculdade que, contudo observa, revelam-se insuficientes, mas são clássicos não dispensáveis. As movimentações de BBL pelas entranhas da especialidade permitem desenvolver a sabedoria de nem subestimar a experiência da vivência, nem superestimar as conclusões das pesquisas clínicas. A adoção de um alto sarrafo crítico moderador trouxe a BBL o desenvolvimento de boa sensibilidade para distinguir entre real valor e entusiasmos de momentos acerca de proposições inovadoras.
As dimensões de trabalho, conhecimento e interesse integram-se com a naturalidade que se pode pretender de um profissional da saúde e por isso, pode-se dizer que BBL ajusta-se à sabedoria de Confúcio (551 ac- 479 ac): Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.
Continua na Parte 2