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671- Solidão, só lida e beira do leito

A transdisciplinaridade estimula o diálogo das ciências com a literatura.  Por exemplo, a  medicina narrativa inclui-se no contexto da inter-relação  (autor-leitor, médico-paciente) por meio de palavras.  O paciente vocaliza o que sente  e o médico explica orientação de conduta, emissão e recepção de termos essenciais para a obtenção do benefício na atenção às necessidades de saúde. A beira do leito é, portanto, território adequado à medicina narrativa.

Como extensão, a literatura pode facilitar a compreensão do que se passa na beira do leito, ou seja, personagens revelam vivências que provocam analogias com comportamentos desejáveis no âmbito da conexão médico-paciente. Funciona ora como um rascunho, ou seja, destaca pontos negativos, ora como exemplo positivo.

No dia 18 de agosto de 2019, o Aliás do Estadão publicou HQ analisa isolamento compartilhado da modernidade – https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,a-solidao-retratada-pelo-traco-sensivel-do-quadrinista-chaboute,70002967761.

Destaco: o protagonista vive num farol remoto no meio do oceano de onde nunca saiu e passa seus dias lendo verbetes de um dicionário e assim se faz conhecer o mundo pelas asas da imaginação. É uma solidão associada a um conhecimento totalmente enciclopédico. Não há nenhum contato verdadeiro com a realidade. O personagem não adquiriu um aprendizado da vida que possa compartilhar com outras pessoas. Em suma, ele nunca alcançará expertise se não sair de seu cárcere autoinfligido.

A lição para a medicina é clara: doutor jovem médico, não se atenha tão somente a conhecer diretrizes, frequente a beira do leito, conheça o mundo real, aprenda sobre as dissociações entre teoria e prática, entenda que outros podem pensar de modo diferente e construa estratégias de ajustes aos acasos clínicos e às diversidades da condição humana.  Faça uma boa residência médica e mantenha o espírito caçador- coletor da pós-graduação até a aposentadoria.

Adaptando um pensamento de  George Bernard Shaw (1856-1950), aquele que escreve sobre uma pessoa- ele próprio por exemplo-, e sobre um determinado tempo, é o único que escreve sobre todas as pessoas e todos os tempos.

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