É do cotidiano que muitas vezes o médico trabalha para encontrar uma causa e o paciente torce para que nada seja encontrado. É comum na busca por um diagnóstico a verbalização pelo médico que não parece, mas precisamos afastar. A experiência ensina a reconhecer certas manifestações corporais do paciente que indicam que ele está longe de estar indiferente à comprovação ou não, elas denotam o lado em que se posiciona a humana interlocução interjetiva Tomara que!
A questão da imparcialidade do paciente para consigo na hora de dar o seu consentimento à recomendação do médico provoca algumas considerações relativas ao direito à autonomia. O esclarecimento no mais alto sentido da efetiva compreensão das informações é essencial para que o paciente embora não se mostre neutro ao que ouve, seja absolutamente imparcial consigo mesmo entre a mente autorizadora e o corpo necessitado. Em relação ao quarteto desejo/preferência/objetivo/valores que influencia a expressão do (não)consentimento, cada circunstância traz suas interpretações individualizadas.
O desejo e a preferência podem se manter isolados na subjetividade e ficarem subjugados pela objetividade da necessidade de resolução ou podem se constituir na mola propulsora do consentimento. A calibragem de alinhamento entre desejo, preferência e objetivo tem implicações em juízos sobre a qualidade do atendimento e os resultados evolutivos.
O direito à autonomia fortaleceu o respeito aos valores humanos. Uma visão essencialmente utilitarista da beneficência é assim lembrada que a aplicação é num ser humano. A Bioética é sensível a este aspecto que tem movimentado controvérsias conceituais e impactos no processo de consentimento na terminalidade da vida e no atendimento a pacientes Testemunha de Jeová.
A prudência, o zelo e a boa comunicação na beira do leito são essenciais para evitar a aguda observação de Mario de Miranda Quintana (1906-1994): O homem – eternamente escravo de suas paixões pessoais – é absolutamente incapaz de imparcialidade.