O exercício da medicina está indissoluvelmente associado à aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes. Ocorre entre seres humanos simbolizado no tradicional termo relação médico-paciente.
As competências ajustam-se ao caminhar de disponibilidades tecnocientíficas e a direcionamentos psicossociais da população. Os atendimentos têm sustentações múltiplas em métodos diagnósticos, terapêuticos e preventivos selecionados pelo médico caso a caso que ganham legitimidade na verbalização do consentimento pelo paciente ao recomendado.
A arquitetura de uma conduta terapêutica desde a queixa principal até o consentimento costuma materializar-se num vai-e-vem de exteriorizações desde o paciente e de interiorizações ao paciente, num feedback recorrente que lembra uma continuada passagem por uma porta giratória. Ora estamos dentro, ora estamos fora, com a peculiaridade de nunca num mesmo lugar por um deslocamento conhecido como evolução (diagnóstica, terapêutica) do caso.
Somente a experiência profissional lapida a dinâmica da porta giratória da beira leito, especialmente a determinação de seus timings com finalidades coletoras, interpretativas, deliberativas e revisionistas. Acolhimento, comprometimento e excelência.
A diplomação após seis anos de faculdade de medicina autoriza a posse do número de CRM que legitima movimentar-se pela porta giratória da prática profissional. Todavia, os fundamentos éticos da prudência e do zelo recomendam fortemente que o exercício desta circulação tenha um período de treinamento- sob supervisão- pós-graduação e pré-mercado de trabalho. A quantidade contribuindo para a qualidade.
O aprendizado da alternância entra- sai, sai-entra pelo residente de medicina, vale dizer, proximidade física ao paciente (para examiná-lo, esclarecê-lo) intervalada com afastamentos físicos mas manutenção do interesse resolutivo – inclui busca de distintos apoios da tecnociência- é essencial para as exigências contemporâneas das complexidades da medicina e da condição humana.
A Bioética contribui para a destreza na movimentação da porta giratória obtida na residência médica que qualifica a conciliação entre aspectos humanos e tecnocientíficos da relação médico-paciente.