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488- Bioética ainda está se tornando Bioética

Bioética ainda está se tornando Bioética. Grande estímulo é a tônica da beira do leito contemporânea na atitude beneficente/não maleficente dublê da desejável afinidade entre autonomia do paciente e paternalismo fraco do médico no processo de tomada de decisão.

Esclareça-se que paternalismo quando qualificado como fraco se afasta do significado pejorativo de imposição e remete ao sentido do acolhimento protetor paternal zeloso com a responsabilidade ética, evitando a vacuidade do tudo é permitido em nome da ciência de tristes episódios históricos recentes.

Bioética não objetiva uma vigilância moral implacável, uma resolução a todo custo da dissonância de vozes, que pode ser assim (mal) entendida em razão da obstinação e do anseio pelo respeito à pessoa utilizando a fria objetividade da tecnociência. A Bioética visa a conciliação possível entre o sentido do que é (objetividades dos fatos com viés científico)  e o sentido do que deveria ser (subjetividades dos fatos com vieses de desejo, memória e  imaginação).

Um cartão de visitas da Bioética como intercessor da Medicina com o universalismo humanístico é a valorização do (não)consentimento pelo paciente na aplicação de métodos diagnósticos, terapêuticos e preventivos. Ideal e habitualmente, há uma verdadeira travessia por esclarecimentos desde o paciente (captação de dados e fatos) e para o paciente (conduta médica) que plasma um Sim ou um Não, muitas vezes oscilantes, ao longo do diálogo médico paternalista fraco-paciente autonômico.

A modulação das palavras Sim e Não pelo interlocutor costuma associar-se na beira do leito  a momentos oscilantes, mais explícitos ou mais ocultos, representativos da polifonia determinada pela pluralidade, ambigüidade e vulnerabilidade da condição humana sofrendo uma doença.  Grande comandante do Sim ou Não é o conhecimento do prognóstico ligado às opções de (não)conduta esclarecidas, ou seja, a interpretações transferidas da Medicina a serem assumidas pelo paciente em articulação com a orientação do médico prudente.

Percebemos que a Bioética  (mentalizada pelos teóricos)transforma-se em Bioética (aplicada pelos práticos) quando dá ênfase a atitudes antropocêntricas prudentes e zelosas, rigorosas e ao mesmo tempo abertas e tolerantes, anti processo de coisificação do ser humano e fetichização dos métodos das Ciências da Saúde.

 

 

 

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