Não faz muito tempo, o ser humano nascia com o genetica ou congenitamente determinado por circunstâncias da fecundação e do desenvolvimento intra-uterino e morria em função de grave insuficiência de certos órgãos do corpo. Hoje, assim acontece também, mas acrescentou-se um não necessariamente.
Prevenções por aconselhamentos ao casal e vacinas- como contra rubéola-, intervenções pré-natal além de transplantes de órgãos como coração e fígado inovaram favorecendo a eclosão do não necessariamente.
Atualmente, a engenharia genética pretende “entrega de encomendas” e transplantes trilham o novo caminho não da sobrevida mas da qualidade de vida.
A diferença de justificativa entre transplantar para não morrer em curto prazo e transplantar para obter uma vida mais qualificada inclui uma distinção da relação risco/benefício e, em decorrência, a necessidade de ajustes no pensamento ético.
Ambas situações têm chances de benefício graças aos conhecimentos, habilidades, métodos e recursos de infra-estrutura. todavia a grandeza de riscos é expressiva. Enquanto que a luta pela sobrevida pode ser entendida como última esperança onde qualquer tipo de risco é contrabalançado pelo desejo da manutenção da vida, a aspiração conceitualmente válida de ganhar qualidade de vida na recuperação da função de mão, laringe ou face ou por passar a ter um útero capaz da maternidade caso mal sucedida pode ter graves repercussões clínicas, sem tocar em consequências da interferência na imunidade do receptor.
A Bioética interessa-se por esta expressão de autonomia do paciente que na busca da felicidade pode associar uma superestimação do êxito técnico e do impacto na qualidade de vida com uma banalização de riscos com expressivo potencial de se tornarem realidades.
Uma resposta
Extremamente importante a reflexão sobre a superestimação do êxito técnico e do impacto na qualidade de vida com banalização de riscos potenciais.