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362- Confiança e pragmatismo

Conceitos e condutas mudam em Medicina. Mudanças admitem um período de transição para incorporação profissional, para a aceitação consciente dos fundamentos e das evidências, assim evitando uma simples e indesejável submissão pré-reflexiva.

É sabido que processos de incorporação podem gerar oposições e cancelamentos da modificação determinadas por realidades danosas ou de ineficiências acima do esperado.

Sob o ponto de vista prático, médicos podem ter ainda dúvidas sobre a eficiência por algum tempo, manter desconfianças sustentadas pela experiência pessoal, mas são instados a aplicar o modificado em recentes diretrizes. A relação de confiança entre o médico e a sociedade de especialidade avalista da modificação precisa ser transferida para a relação médico-paciente. Contudo, esta transferência pode ou não ser de mesma significação.

De fato, observam-se médicos que recomendam a nova maneira sem nenhuma menção ao paciente que está fazendo hoje diferente do que fazia até ontem, que tem ainda incertezas e que a história da Medicina constrói-se assim mesmo. Já outros compartilham as ansiedades relativas às alterações com o paciente. Os primeiros entendem que a recomendação estritamente afirmativa favorece a adesão e carrega um certo efeito placebo. Os últimos privilegiam a sinceridade, a exata comunicação do que está pensando, uma atitude de consultor, sobre eventuais consequências de “bula” como desistência do paciente, elevação do nível de preocupação e até mesmo efeito nocebo.

Lembremos o dramaturgo irlandês Oscar Wilde (1854-1900): “Pouca sinceridade é perigosa e muita é absolutamente fatal”.

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