O paciente relata a anamnese, o médico ouve a anamnese. Neste ínterim, o médico dá atenção, faz uma representação mental e promove a adesão ao conhecimento da Medicina. É um processo onde o domínio fonte da linguagem – verbal e não verbal- do paciente é transformado num domínio alvo de entendimento fisiopatológico. O que pode ser literal para o paciente torna-se não-literal para o médico que, invariavelmente, coloca o emitido pelo paciente num contexto profissional. Em suma, há o desenvolvimento de um pensamento metafórico pautado por deduções, compreensões, encaixes no estado da arte. Desta maneira, a progressão do literal para o não-literal na mente do médico pode variar de acordo com o conhecimento e experiência do médico. Dois médicos de diferentes especialidades podem, assim, construir hipóteses diagnósticas distintas a partir de mesmo sintoma, compreendendo uma coisa em termos de outra, em função do contexto a que está mais acostumado e que lhe fornece as conexões com a Medicina.