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997- Pele bioética (Parte 2)

Bioamigo, que tal na apreciação do ativismo em Bioética alocar a personalidade à flor desta pele. Uma analogia que inclui a função de camaleão, não somente pelo mimetismo ao ambiente, mas também pelo arco de 360 graus de visão em torno de si, indispensáveis para o exercício da Bioética. Não falta a correspondência com glândulas sudoríparas, escape para as habituais tensões quentes. Por outro lado, a pele bioética parece mostrar certa imunidade a alergias em função da boa compreensão de contraposições.

A pele bioética sofre os efeitos do decorrer do tempo como toda pele, transformações em rugas, endurecimentos, manchas e cicatrizes revelam as vivências, mesclas das participações frequentes intensas e extensas em heterogeneidades da beira do leito, onde o certo, a verdade e o racional apresentam-se sob várias configurações. Os encontros com desafios, dilemas, situações paradoxais, labirintos do cotidiano da beira do leito requerem a pele bioética para melhor contato com as expansões e as limitações plausíveis.

Embora com variações em função do biotipo, a pele humana corresponde a aproximadamente 15% do peso corpóreo. Podemos conjecturar um considerável peso moral para a pele bioética de interesse na beira do leito, especialmente  admitindo três princípios adotados da Bioética em analogia às três camadas anatômicas (epiderme, derme e hipoderme): não maleficência, beneficência e autonomia. Aquelas são solidárias entre si, estes, depende de cada caso, pois os compromissos  incluem eventuais contraposições.

Assim, podemos pressupor que a epiderme pela proteção a agentes externos corresponde à não maleficência, a derme, pela sustentação, à beneficência e a hipoderme, pela proteção contra choques, à autonomia. Nesta visão dita principialista, o profissional da saúde necessita do tato da prudência, pois ao considerar uma conduta validada  pelo estado da arte – beneficência-, ele tem que passar pelo filtro da individualidade do paciente- não maleficência. Uma vez obtida, então, a conduta recomendada, ela ainda não é suficiente, pois o direito à autonomia pelo paciente permite adaptações a seus desejos, preferências, valores e objetivos e, desta maneira, exige que a conduta recomendada seja reetiquetada como conduta consentida para a efetiva aplicação zelosa. 

Assim, a pele bioética forja sensibilidade para o toque com prós e contras dos métodos tecnocientíficos  disponíveis e, assim, perceber que entre o potencial de beneficência e a realização de benefício há uma palpação selecionadora de configurar indicação, não indicação e contra-indicação, onde, em função da responsabilidade profissional não somente pela intenção como também pelas consequências previsíveis, o antônimo ético de indicação na beira do leito é tanto a contraindicação alinhada pela não maleficência, quanto a não indicação dada pela beneficência.    

É relevante considerar que a Bioética facilita estarmos na pele do outro, e, assim, a pele bioética induz forte conexão com o paciente/familiar e possibilita novos significados e sentidos de conciliação a conflitos que à primeira vista parecem insolúveis e incontroláveis.

Bioamigo, atente para sua pele bioética. Orgulhe-se e cuide dela!

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