A Bioética da Beira do leito reforça que o bom estado de ânimo é garantia do bom emprego do tempo quantitativo, pois o torna qualitativo. A vivência endossa a interface, pacientes que passam a aceitar a recomendação médica – muitas vezes com ajustes- resultam satisfeitos com a superposição do almejado com os resultados alcançados.
O ânimo pela certeza do melhor esclarecimento que atua no limite do direito à autonomia pelo paciente permite lembrar que atitudes livres e esclarecidas requerem comumente um desenvolvimento em etapas. É afirmação que traz a conclusão que o estado de ânimo interessado e associado à autoconfiança do profissional da saúde alinha-se a um paternalismo brando.
É linha de pensamento da Bioética da Beira do leito que o paternalismo brando não é o avesso do direito à autonomia. Ponderado, o paternalismo brando não investe na imposição -muito menos na vanglória ou no exibicionismo-, ele contribui para a autenticidade do atributo esclarecimento exigido no consentimento.
Eventual apatia profissional reativa ao Não do paciente que num tom burocrático impede a chance de se tratar de uma negativa provisória por alguma justificativa reversível, ademais, colide com princípios fundamentais expostos no Código de Ética Médica (2018).
A voz ativa do paciente que emite um não consentimento não é um peremptório cala boca ao profissional da saúde. A discordância é um direito assegurado que resguarda o paciente mas não elimina o mérito tecnocientífico. Estar à disposição é das obrigações profissionais, dispor-se a entender proveitoso é da voluntariedade do paciente.
Pelo próprio prestígio, a beira do leito aprecia o profissional da saúde que no processo de tomada de decisão incluso o respeito à voz ativa do paciente a habita exercendo animus adjuvandi o papel de propositor, apoiador e harmonizador que faz-se moralmente possível em meio a expectativas desalinhadas e juízos oscilantes de sensatez e de insensatez.