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968- Treinando crítica do rascunho em serviço (Parte 13)

O treinamento crítica do rascunho em serviço acumula temas habituais e renovações pela incorporação em feedback com o mundo real evolutivo da beira do leito.

Aspecto básico da segurança emocional do jovem profissional da saúde na atual conjuntura ética e legal refere-se à chamada hipocondria moral: teme ser culpado(a).

Distingue-se o receio da acusação de descaso por não ter feito pelo não consentimento do paciente, o que faz supor que embute um grau de narcisismo – quem não tem?

Ao longo da formação, o profissional da saúde resulta condicionado a realizar porque o aprendizado tecnocientífico é voltado para como fazer o bem e, assim, subentende que o paciente precisa controlar/reverter o mal e, portanto, deve se submeter.

Alguém na faculdade aprende quando não aplicar o método que beneficia e que acaba de incorporar as habilidades? Creio que não.

A Bioética da Beira do leito entende que o treinamento que reduz tal sentido de incriminação repercute positivamente numa série de outros conflitos sobre atitude, especialmente sobre os que se alinham com a super cobrança dos próprios comportamentos.

É praticamente comum recém-formados na área da saúde carregarem um fardo representado pela vinculação técnica desprovida de amortecedores emocionais. É um dos aspectos das eternas discussões sobre as relações entre currículo oficial e currículo oculto. A Bioética compõe habitualmente este último, mesmo em instituições onde ela é nomeada no currículo oficial.

É necessário esclarecer que o receio de acusação é muito mais no âmbito da imprudência (fato ainda no processo de tomada de decisão e que não passou para a aplicação por não consentimento do paciente), embora seja, habitualmente, verbalizada como medo de ser processado por negligência.

Reforçando, a prudência refere-se à composição da conduta a ser recomendada e assim antecede o zelo (antônimo de negligência) que se refere à qualidade da aplicação da conduta consentida. Desta forma, o profissional da saúde teria sido supostamente imprudente – e não negligente- em não ter realizado.

Ponto fundamental do treinamento é a conscientização que a ruptura em questão significa que a conduta recomendada pelo médico (fundamentada em boa relação risco-benefício) foi transformada em conduta (não) consentida pelo paciente. Esta apreciação descaracteriza qualquer conotação de descaso, muito pelo contrário, a voz ativa do paciente está sendo respeitada. Este treinamento de tranquilidade da consciência – com um quê de psicoterapia- requer contato com a delicada interface entre a autonomia e o paternalismo brando.

Como se sabe, o paternalismo ficou demonizado ao final do século XX em função da expressão do direito à autonomia pelo paciente. O termo ganhou um sentido de violência do vulnerável por um autoritarismo profissional. Pin on Chase's Travels-TuskegeeHavia razões, como o projeto Tuskejee que impediu o uso da recém-disponibilizada penicilina para não prejudicar a pesquisa sobre a história natural da sífilis no Alabama e os desmandos do Dr. Henry Andrews Cotton  (1876-1933) em New Jersey que realizou cirurgia dita bacteriológica como a retirada do ceco normal de crianças supondo que suas bactérias causassem a doença mental diagnosticada.

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