A Bioética da Beira do leito tem o escopo de facilitar a aplicação de estratégias para a tradução simultânea de dialetos para um idioma da beira do leito. Trata-se de uma linguagem de cunho transdisciplinar, interessando as várias ciências da saúde e outras áreas do saber como o Direito, a Engenharia, a Economia, a Estatística, sem esquecer da transcendência espiritual.
De certa forma, a iniciativa relembra o intuito de Ludwik Lejzer Zamenhof (1859-1917), o oftalmologista – que enxergava longe- criador do esperanto, e guarda o propósito que resguardar o rigor tecnocientífico e, ao mesmo tempo, prover prudência pela abertura para o desconhecido e o imprevisível e pela tolerância a contraposições de opinião. A boa comunicação pela busca de raízes semelhantes nos “dialetos”. E nada mais facilitador de boa comunicação como a preocupação com a prudência.
A Bioética da Beira do leito admite útil o principialismo para a qualidade da prudência caso a caso. De fato, o principialismo contribui para dar um sentido de coisa clara, de um modo preciso, de baseado em expertise, afastando achologias por influências emocionais ou sociais.
Para efeito pedagógico, tomemos como ponto de referência dois fortes aspectos humanos da beira do leito associados ao dever com a prudência: a vulnerabilidade do paciente e a futilidade terapêutica. Enquanto que vulnerabilidade do paciente aproxima-se do pleonasmo, futilidade terapêutica representa um paradoxo, se fosse terapêutica, não seria inútil. Redundâncias e contradições marcam a beira do leito e os princípios funcionam como o próprio nome esclarece, origens para um norte.
Denominadores comuns das necessidades de haver aplicação de princípios são os riscos de abuso e de indiferença (não-uso). O charlatanismo – a (não)palavra que ludibria- ilustra. Em relação à Bioética principialista, abuso e indiferença profissionais englobariam desconsiderar o que pode vir a ser benéfico, não se importar com o potencial de adversidades e desrespeitar o direito à autonomia.
O uso dos princípios da Bioética como fator de prudência – e portanto respeitoso do Art. 1º do Código de Ética Médica vigente- revela-se no treinamento crítica do rascunho em serviço. Particularmente, a articulação dialógica do quarteto tecnociência/ética/moral/legal de cunho multiprofissional e transdisciplinar.
A integração na beira do leito pode ser simbolizada pela figura do quebra-cabeças com uma estampa almejada e cada peça com forma distinta. A “peça fisioterapeuta”, por exemplo, se não for encaixada deixará uma lacuna na representação do benefício pulmonar, neurológico ou ortopédico planejado. Assim, compreende-se moralmente inconcebível que a ausência da “peça paciente” na metáfora do quebra-cabeças com suas formas próprias de interpretação, não necessariamente, exibindo pensamentos que se superpõem aos da responsabilidade profissional.
É essencial estar treinado para evitar um coercitivo sentido de Mas o(a) senhor(a) tem que fazer! dito pelo médico após ouvir um não consentimento do paciente, até para a conscientização que a negativa não costuma ser um desafio à pessoa do médico, mas uma contraposição ao método da medicina.