Complexidades associadas a incertezas e que trazem hesitações a serem superadas dominam a atividade contemporânea da beira do leito. A Bioética da Beira do leito figura um arco e flecha – força, elasticidade e velocidade-, há a hora de retesar o arco, há a hora de disparar a flecha, há a precisão confiante do lendário Guilherme Tell… e há a hora de deixar o arco e a flecha de lado.
Estas possibilidades significam forma e equilíbrio em meio a contraposições, pois o raciocínio clínico sempre terá um quê sim ou não de algoritmo. Na organização mental, as validades do princípio da beneficência e do princípio da autonomia são irrefutáveis ao mesmo tempo que a interação entre propósitos provoca mais de um possível direcionamento sobre o que poderia ser considerado moralmente correto.
A recomendação beneficente do profissional da saúde é baseada em evidências, fatos, dados, critérios e vale para um coletivo análogo. A atitude autônoma do paciente – que tem um conhecimento leigo da situação impactado pelos esclarecimentos profissionais- varia de indivíduo para indivíduo. Por isso, o valor da abertura e da tolerância para um equilíbrio entre visão de ciência e sentido de metafísica em mesmo profissional, a ser lapidado pelas organizações em Bioética pedagógicas e consultivas.
A medicina nascida com Hipócrates (460ac-370ac) era essencialmente humana e nestes 26 séculos se desenvolveu de uma forma exigente da competência profissional baseada em treinamento e experiência preservadora da atitude ética.
No Brasil, a preocupação ética tem cerca de 90 anos, a partir de uma iniciativa de importar um código de moral médica cujos primeiros dois capítulos eram Dos deveres dos médicos para com os enfermos onde é de se destacar o artigo 4º- o médico, em suas relações com o enfermo, procurará tolerar seus caprichos e fraquezas enquanto não se oponham as exigências do tratamento, e exerçam uma influencia nociva ao curso da afecção- e Dos deveres relativos à manutenção da dignidade profissional.