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960- Treinando crítica do rascunho em serviço (Parte 8)

As comunidades de interpretação precisam dialogar para se compreenderem e interagirem. Uma equipe de profissionais da saúde ilustra bem o conceito de comunidades de interpretação, as identidades de médico, enfermeiro, psicólogo, fisioterapeuta, farmacêutico, nutricionista, gestor, etc… pensando e atuando individualmente mas visando ao modo coletivo.

Divergências dentro de mesma comunidade de interpretação e entre distintas comunidades de interpretação precisam serPentágono-300x225.jpg identificadas, colecionadas e alvo de treinamento. Considerando o pentágono da beira do leito, há 25 possibilidades de combinações causais, interessando 2 a 2, 3 a 3, 4 a 4 ou os 5 ângulos.

A Bioética da Beira do leito entende que aspectos intracomunidade e intercomunidade profissionais podem ser expandidos para fins pedagógicos para a figura do paciente/familiar em geral, embora ela corresponda à antítese da experiência organizada no tema a ser interpretado.

Ponto a favor desta liberalidade conceitual é que o paciente crônico adquire um grau de experiência interpretativa e que os esclarecimentos pretendendo ao consentimento não deixam de representar uma organização para uma interpretação. Como um diabético diz na sala de espera a um recém-chegado ao Serviço de Endocrinologia, bem-vindo ao clube.

Uma instigante interface entre o conceito ampliado de comunidade de interpretação para o paciente e a capacidade para tomar decisão sobre a própria saúde é a referente ao adolescente amadurecido.

O período da adolescência com a cultura peculiar à época e em processo de abrangência e profundidade admite maior interesse em pilotar tomadas de decisão, mas com abstenção da maior responsabilidade, ou seja, aproxima-se do direito à voz ativa mas deseja resguardar-se de eventuais más consequências, inclusive porque há tendência para uma visão imediatista.

Assim, o adolescente é um ser humano que deixou de ser criança mas não é um adulto ainda pode ser apreciado segundo o paradoxo de sorites (monte em grego) formulado por Eubulides de Mileto no século IVac. Na formulação grega, um  grão não seria um monte, dois grãos não formariam um monte, nem três. Se não houver uma convenção sobre critério, uma heteronomia, alguém pode entender que a reunião de 450 grãos já permitem afirmar um monte, enquanto que outra pessoa só admitirá a partir de 2000 grãos.

A adolescência tem critério de idade- 12 a 18 anos de idade pelo Estatuto da Criança e do Adolescente-, todavia, não faltam apreciações positivas- como de hebiatras- sobre proporções de adolescentes terem um “monte” de capacidade cognitiva para tomar certas decisões sobre si próprio na área da saúde. O adolescente amadurecido poderia, então, apesar da soma de anos de vida aquém do convencionado, demonstrar que acumulou capacidade cognitiva para ter direito à autonomia, ou seja, poder se assim desejar  e dependendo das circunstâncias interagir com um profissional da saúde independente de um responsável legal.

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