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936- Sonhar, acreditar, realizar (Parte 1)

Anote bioamigo, chegará o dia em que o paciente perguntará formalmente ao médico se ele lhe aplicará Bioética. Será critério para ganho de confiança, influenciará no consentimento.

A difusão da Bioética como valor na conexão médico-paciente é propósito da Bioética da Beira do leito que segue o pensamento do escritor Anatole France (1844-1924): Para concretizar grandes coisas, devemos não somente planejar e atuar, mas também sonhar e acreditar. 

A bem da verdade, certas apreciações e comportamentos adotados por paciente/familiar acerca de atitudes de profissionais da saúde já retratam contextos integrados à Bioética. Exemplo é o interesse por uma segunda opinião em que o direito ao princípio da autonomia possibilita rever esclarecimentos sobre beneficência e não maleficência.

A compreensão da suposição é fácil: A Bioética tanto a partir de Paul Max Fritz Jahr (1895-1953) quanto de Van Rensselaer Potter (1911-2001) adotou antônimos de abusos como guias condutores das boas práticas. Tornou-se, assim, agente de salvaguarda do kantiano (Immanuel Kant, 1724-1804) Faça para os outros o que gostaria que todos fizessem para todos.

A Bioética da Beira do leito em função do interesse no ecossistema da beira do leito valoriza o respeito humano alertado pelos pioneiros idealistas, especialmente pela aposição de lentes corretivas sobre eventuais visões eticamente míopes do corpo humano como a que o enxerga como reunião de órgãos à disposição da tecnociência.

É de se notar que entre os profissionais da saúde, há um avanço lento da conscientização do significado da Bioética, muito embora, a prática não etiquetada – o idioma é rico, ética não etiquetada- ocorra frequentemente. De fato, há muito de Bioética embutido no manejo tecnocientífico cotidiano observado na prática brasileira.

A inclusão não nomeada dá-se pela bagagem pre-profissional e por ajustes inspirados pelo profissionalismo. Uma associação que se predispõe a ganhar validações plausíveis. É a Bioética de Todos Nós. Algo como “tocar um instrumento musical de ouvido” acrescido de certas noções teóricas. A partitura representada pelo Princípio fundamental II do Código de Ética Médica(2018)- O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.

Ademais, não nos esqueçamos do Juramento de Hipócrates (460ac-370ac) e do artigo 19º do Código de Moral Médica (1929)- O médico deverá sempre ajustar suas conduta às regras da circunspeção, da probidade e da honra; ser um homem honrado no exercício da profissão assim como nos demais atos da sua vida. A pureza de costumes e os hábitos de temperança são também indispensáveis ao medico , porquanto sem um raciocínio claro e vigoroso não poderá exercer acertadamente o seu ministério, nem mesmo estar aparelhado para os acidentes que tão a meudo exigem a rápida e oportuna intervenção da arte.

Afinal, espera-se que o comportamento moral do profissional da saúde na beira do leito seja análogo ao que como cidadão aplica na vida em geral, pois não cabe nenhum arrobo de Bioética como uma ideologia, o essencial é o pensamento crítico visando fazer o bem melhor para o paciente em sintonia com o referido acima sobre Anatole France.

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