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837- Hipoatenção atitudinal sistemática

secretCada beira do leito testemunha um grau de insatisfação do paciente com o modo de pensar, sentir e atuar que percebe do médico. Ele representa a declarada, há uma subcontagem a respeito de como pacientes reagem com desagrado à atenção do médico a respeito de aspectos objetivos e subjetivos do atendimento. 
Avaliações negativas dos pacientes têm razão de ser quando vistas por uma óptica imparcial alinhada com as características mais comuns do ecossistema da beira do leito? Diríamos que sobra uma percentagem de casos que não passa por um filtro ético/moral/legal que justifique um juízo de inadequação na conexão médico-paciente-medicina realizada.
Todavia, o olhar  “injusto” do paciente é autêntico em si, por mais estrábico que possa ser e, por isso, requer que médicos em geral evitem miopia ou olhos fechados para as manifestações de insatisfação de seus pacientes. Faz parte do profissionalismo procurar identificar causas e aprender sobre reações – devidas e indevidas- da condição humana às peculiaridades da aplicação da medicna para os próximos casos. 
  
Neste contexto, a Bioética da Beira do leito preocupa-se com o diagnóstico de Hipoatenção Atitudinal Sistemática, a doença endêmica da beira do leito cuja etiopatogenia é a hipofunção de receptores de comunicação. Um sintoma habitual é justamente a insatisfação do paciente que se associa à falta de ar amistoso, taquicardia mental e síncope de vínculo. 
Auscultas e imagens sustentam o diagnóstico. Evidências apontam que a fisiopatologia da manifestação de insatisfação é o preenchimento pelo paciente das lacunas de informação e de esclarecimento por dois tipos de material anômalo (mais leigo e menos científico) e hipercrômico (cores vivas na maioria dos casos): analogia com o passado e imaginação sobre o futuro. Caso de livro é o paciente que recebeu a notícia seca que teria que se submeter a um procedimento invasivo urgente pelo médico que imediatamente se retirou sem mais esclarecer; o paciente teve uma crise de insatisfação com o médico porque fez analogia com o que sucedera com seu pai  num procedimento de urgência e projetou-se numa invalidez permanente. Evidentemente, o paciente poderia ter tido mesma reação apesar de amplos esclarecimentos e diálogos com o médico, mas a Hipoatenção atitudinal sistemática impediu qualquer possibilidade de evitação.      
Atenção primária aos esclarecimentos representa benefício e segurança, impede bloqueios da condução do diálogo e é recomendação I A por mais que não haja chance de evitar sequelas em certas más notícias. 
Imagino algum bioamigo reagindo: Exagero! Eu dou atenção e nunca tive um caso de Hipoatenção Atitudinal Sistemática. Parabéns! Você faz parte da maioria. Mas a minoria existe e candidata-se a receber uma cartinha do CRM avisando que foi denunciada e paira uma suspeita de infração ética. A cartinha é tão seca quanto a atitude eventualmente representada, o médico quer imediatamente saber dos detalhes, enquanto não comparece para ler a denúncia preenche com analogia ao que sabe de colegas denunciados e imagina-se punido!  
A Bioética da Beira do leito gosta de alertar principalmente o jovem médico, o residente de medicina célula-tronco multipotente, que ele pode causar Hipoatenção Atitudinal Sistemática por um excesso de “janelas abertas do seu Windows mental” em tecnicismos e cientificismos enquanto minimiza as janelas dos receptores de comunicação. 
O mal dito torna-se maldito. Apagar, é fogo!  A propósito: A Hipoatenção Atitudinal Sistemática não está incluída no CID Erre Zero, faz parte do R 100…pre!

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COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Profissionais de saúde têm altos e baixos representados por mais ou menos estafas físicas e/ou mentais. Etiologias passam por divergências com cônjuges, usualmente relacionadas ao grau de dedicação unilateral: tudo para profissão e bem pouco para família. Ainda temos os filhos que em tempos atuais, exigem atenção dobrada. Assim o profissional por ser afligido por uma síndrome: H.A.O (Hipoatenção Atitudinal Ocasional) que também pode levar ao recebimento de uma “cartinha” de convocação ao CRM. Mas esta “cartinha” também pode ser motivada por não ajustes entre representantes locais do CRM e médicos a serem intimidados. Acredito que a H.A.O é bem mais frenquente do que se possa imaginar, já a H.A.S, pouco frequente mas ainda sem seu código no CID.

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