Não costuma ficar consciente na mente do médico que certa atenção à gramática pode influenciar a compreensão no processo de solicitação do consentimento ao paciente.
Habitualmente, o médico fala o que precisa ao seu modo num automático condicionado pela prática, ou seja, as relações entre as palavras – sintaxe- fluem naturalmente pretendendo um sentido- semântica- à comunicação. Nem sempre, contudo, o literal superpõe-se ao jargão profissional. Por exemplo, quando o médico diz de uma maneira simplificada que não vale mais investir no caso em terminalidade, ele quer dizer investir ciência disponível, mas pode ser recebido como não desejar investir mais verbas, causando conflito.
Desta forma, pela linguagem oral, ambiguidades de sintaxe podem acontecer e provocar ambiguidades semânticas, influenciado o esclarecimento.
Aspectos diagnósticos, terapêuticos e prognósticos podem resultar mal compreendidos:
Você tem uma infecção e com antibiótico ficará curado –integrou diagnóstico, tratamento e prognóstico de modo assertivo.
Para curar a infecção, você precisa tomar antibiótico – deu ênfase ao tratamento e deixou dúvidas sobre o prognóstico.
Se você não tomar antibiótico, a infecção se agrava – deu ênfase ao prognóstico.
A Bioética da Beira do leito ressalta o valor da comunicação dialógica e esclarecedora para o cumprimento de um sentido atual de saúde motivado pelo crescimento do número de pessoas com doenças crônicas e com maiores complexidades e fundamentado na capacidade de adaptação e autogestão aos desafios de ordem física (proteger-se contra danos), emocional (enfrentar situações difíceis) e social (cumprir obrigações e portar-se com independência).