A Prudência (fundamento 6) compõe o terceiro conjunto-guia da Bioética de todos nós. É a virtude que tem em alta conta a chance dos riscos e acasos da beira do leito e orienta o pensamento crítico sobre o que deve ser escolhido e o que deve ser evitado como meios que possam conduzir ao maior benefício com menor dano. No objetivo de alertar o profissional da saúde a ser cuidadoso suficiente, a Prudência tem alta afinidade com a ética da responsabilidade segundo a qual nós respondamos não somente por nossas intenções e princípios- ou seja pela seleção dentro de uma fidelidade ao Rigor tecnocientífico-, mas também pelas consequências de nossos atos, tanto quanto possam ser previsíveis. Desta forma, a Prudência dialoga fortemente com a Abertura, valoriza a Lógica do terceiro incluído e se utiliza das orientações dadas pelos Níveis distintos de realidade ao mesmo tempo. Ademais, a Prudência como conselheira ética, moral e legal protege tomadas de decisão, não somente contra excessos de segurança profissional, como também de influências negativas de conflitos de interesse e ganhos secundários. A Prudência é mentor ético, moral e legal da trajetória da flecha da experiência profissional que sempre orientada para o futuro é energizada pelo passado e se faz sensível ao presente.
O Zelo (fundamento 7) é xifópago da Prudência. Enquanto esta atua no processo de tomada de decisão, o Zelo representa a disposição profissional de aplicar conforme combinado/ajustado/consentido. Ele alinha-se às virtudes da fidelidade e da boa-fé. Pela fidelidade, o Zelo evita esquecimentos sobre a palavra empenhada na realização, o que é um aspecto moral da herança hipocrática. Seu antônimo, a negligência é o esquecimento do simbolismo do juramento de Hipócrates (460ac-370 ac). Pela boa-fé, o Zelo confere valor ao combinado/ajustado/consentido, um aspecto que toca a dignidade profissional e dá consistência a sua parceria com a Prudência.
A Não Separabilidade (fundamento 8) completa o terceiro conjunto-guia da Bioética de todos nós. É outro atributo advindo da física quântica. No conhecimento clássico, o distanciamento reduz a interação e a abole. Já as entidades quânticas persistem interatuando a distâncias consideráveis, sugerindo uma causalidade global e não somente uma causalidade local. A analogia é que a conexão médico-paciente habitualmente iniciada de modo presencial mantém-se de modo não presencial. De maneira tradicional, a conexão persistente à distância articula-se com a responsabilidade profissional e tem como um de seus símbolos a receita médica. Já na modernidade, a Não Separabilidade se faz a qualquer distância graças à tecnologia da comunicação. A mensagem que expressa a Não Separabilidade exige uma brevidade de reação que põe em alerta os simbolismos aconselhadores da onda T e da flecha da experiência. A Não Separabilidade precisa dialogar com a Prudência, especialmente, mas também com o Rigor tecnocientífico, a Abertura, a Lógica do terceiro incluído e os Níveis distintos de realidade ao mesmo tempo. Paradoxalmente, o distanciamento provoca a aproximação profissional da cautela pela expansão de conjecturas em função da redução da apreciação direta.