A plataforma de inspiração transdisciplinar de uma dúzia de fundamentos para a beira do leito de todos os dias da Bioética de todos nós facilita expandir e selecionar pensamentos para alívio de tensões na conexão médico-paciente na medida em que contribui para a articulação da cultura da medicina com a pluralidade de saberes e sabedorias de outras ciências, da arte, da literatura e da espiritualidade.
A Bioética de todos nós admite o conceito osleriano (William Bart Osler-1849-1919) da beira do leito de todos os dias como espaço de comunicação a ser conquistado e construído. Ela valoriza a ideia que a sabedoria aplicável ao futuro deve estar fundamentada no saber de um passado para bem permitir qualidade no atendimento ao paciente, inclusive pela inclusão de advertências a respeito de inconveniências de considerar a beira do leito como uma redoma de cientificismo. O conhecimento compartilhado possibilita motiva mútuas aquisições de complementos às limitações do aprendizado na faculdade. Assim, a Bioética de todos nós reconhece o valor de o profissional da saúde atuar, simultaneamente, neste espaço pedagógico privilegiado, como um aluno que quer aprender e como um mestre que quer instruir.
A Bioética de todos nós atua como intercessora de modo amplo nas interfaces entre ciências da saúde, profissional da saúde, paciente/familiar, instituição de saúde e sistema de saúde. Ela contribui, não somente, para reduzir efeitos das chamadas patologias do profissionalismo que incluem fragmentação, impessoalidade, excesso de especialização e desperdícios, bem como, para atender aos princípios fundamentais II- O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional; VIII- O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar a sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho do Código de Ética Médica vigente.
Para a sucessão reversora de desdobramentos ou preventiva de dobras, a Bioética de todos nós atua não exatamente nos vincos, mas nos âmagos das dobras justapostas, pois entende que não há fronteiras bem definidas entre os componentes da complexidade/confronto. De fato, a Bioética de todos nós admite que qualquer visão de rigidez de fronteiras entre fatores de confrontos é incompatível com as indeterminações que são intrínsecas à medicina. Diagnósticos de certeza, por exemplo, não garantem nem consensos sobre eficácia terapêutica e preventiva, nem a adesão desejável do paciente.
Recomendo a adoção da Bioética de todos nós. Introjetada e atuante, ela facilita os movimentos para organizar o vaivém de construtos em meio às contexturas do caso. Não é complicado lidar com seus 12 fundamentos. É um grupo que dialoga entre si e reduz/previne aquela sensação de ameaça profissional por monólogos justapostos em superposição caótica.