Hospital Brasileiro Luiz Décourt, primeira consulta, último paciente do agendamento do dia:
– Doutor, não aguento mais
– Me conta o que lhe aflige
– O senhor precisa dar um jeito nisso
– O que sente?
-Tudo que eu como me deixa com a sensação de barriga estufada, me sinto mal, não consigo trabalhar
-Quando começou?
-Minha mãe diz que eu já nasci assim, me dava uns chás
– Vamos examiná-lo
– Doutor, não quero fazer exames, já fiz vários, nunca dá nada, quero resolver de uma vez
– Mas precisamos saber a causa do seu incômodo
– Doutor, eu sofro do fígado, não tem outra explicação, até uma cartomante confirmou
– Pode ser… Mas vamos ver direitinho
-Doutor, o que eu quero é fazer um transplante de fígado
-Que isso! Vamos com calma, uns medicamentos…
-Doutor, já passei por muitos médicos, todos riram de mim
– Estou falando sério…
– Doutor, sonhei que fiquei bom depois de um transplante de um fígado de uma pessoa vegana
– Um transplante de fígado não é simples
– Doutor, eu vi o senhor na televisão, sabe tudo sobre o fígado
– Talvez o seu mal-estar não seja do fígado
– Doutor, do meu fígado eu entendo, estou sempre de mau humor
– Entendi…
-Doutor, eu já fui conversar com um advogado, que precisava fazer um transplante urgente e que viria me consultar no hospital que faz transplante de fígado. Ele me disse que se os médicos não quiserem fazer, ele leva o meu caso até um juiz, pois é um direito que eu tenho, é a minha saúde.
– Acontece que…
-Doutor, exijo um transplante de fígado, tenho 30 anos de idade e não quero passar o resto da minha vida com este fígado podre com que nasci. Um fígado de um vegano, limpinho, será tudo de bom.
Continua na Parte 2
