A Bioética mentalizada pelos teóricos transforma-se em Bioética aplicada pelos práticos para apoiar atitudes antropocêntricas prudentes, zelosas, rigorosas e ao mesmo tempo abertas e tolerantes, anti processo de coisificação do ser humano.
Um cartão de visitas da Bioética como intercessor na beira do leito é a valorização de uma verdadeira travessia que vai dos esclarecimentos desde o paciente (captação de dados e fatos) até os esclarecimentos para o paciente (conduta médica).
A Bioética global está se tornando Bioética de interesse do Brasil. Um estímulo é a sua valorização pelo profissional da saúde à beira do leito. Conhecer e ser conhecida.
Conhece-te a ti mesmo como médico tem um calcanhar de Aquiles que incha com o progresso da medicina: nenhum benefício está isento da possibilidade de acrescer algum tipo de malefício ao paciente… e ao médico.
Cada inovação em ciência e tecnologia desafia sanções vigentes. Não se operava um paciente com endocardite infecciosa até um médico ousado verificar o benefício da remoção da valva infectada apesar dos riscos cirúgicos até então proibitivos da febre e da insuficiência cardíaca. Não indicar o agora possível é que passou para um potencial de imprudência. A doação de órgãos para transplante exigiu o conceito de morte encefálica.
A contribuição da quase cinquentona Bioética é comparável à da lâmpada mágica de Aladim. Ela facilita liberar um gênio ético capaz de satisfazer os três desejos maiores da beira do leito: bom para o paciente, bom para o médico, bom para a medicina.
Parodiando alguém que não me lembro: a beira do leito deve ser um lar para a Bioética, não apenas uma casa. O alvo de toda a atenção na área da saúde é o ser humano e a Bioética coopera para que o tiro não saia pela culatra.