Dizem que damos mais valor quando perdemos ou estamos na iminência da perda. Assim, lembremos que é a alta tecnologia natural empregada há séculos que possibilita uma anamnese de fato caçadora-coletora e o exame físico da inspeção, olhar de relance, palpação, percussão e ausculta e a culminância no raciocínio clínico resolutivo. Não é bastante para o estado da arte atual, mas é indispensável hoje… e amanhã. Não há, entretanto, porque entender que perderemos a posição humana na beira do leito, haverá uma composição.
Mas, como ninguém é de ferro- nem o robô de branco- por descontração, qual seria o escore a ser previsto para um certo embate entre o QI natural do médico de carne e osso e o QI artificial do robô de branco? Algo na dimensão do humilhante 7×1 recente na nossa lembrança? Qual seria o efeito de uma decisão de cunho moral formulada pela inteligência artificial? Um excesso de racionalidade sobre custo-efetividade na terminalidade da vida que arrepiaria a humanização? Qual seria a probabilidade de médico com CRM e robô com algum registro de fabricação virem a funcionar numa tomada de decisão à beira do leito como equipe distribuídos como árbitro principal, auxiliar do árbitro ou VAR? Uma normatização dar-se-ia pela classe médica ou pela sociedade?
É curioso mentalizar numa eventual queda de braço entre QI natural e QI artificial que o humano quando está com a cabeça nas nuvens faz besteiras e que a máquina precisa muito é estar conectada na nuvem para fazer bonito. O importante, entretanto, é que chova qualidade de vida… e o médico esteja capacitado para se comportar como São Pedro. Afinal, o médico não deseja perder a posição de manda-chuva e, ao mesmo tempo, conservar a condição de guarda-chuva profissional contra intempéries sobre a saúde, contribuir para a bonança que possa suceder a tempestade clínica.
A Bioética da Beira do leito almeja que o compartilhamento entre QI natural e QI artificial possa aperfeiçoar a arte de aplicar a tecnociência da medicina na beira do leito.