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541- A plasticidade da beira do leito (Parte 2)

O pensamento com base na prudência e a atuação com zelo sustentam realizações interligadas a tomadas de decisão raciocinadas. Apoio-me na recomendação da ética da responsabilidade para  não somente me responsabilizar por minhas intenções, mas também pelas consequências previsíveis. Ao expor o passo a passo de justificativas de modo accessível ao leigo ao longo do atendimento, além de minimizar a assimetria de conhecimento, evito a sua participação tão somente no seu momento de conclusão, habitualmente com mais restrições da compreensão. Assim, abraço o atributo contemporâneo da beira do leito denominado de consentimento do paciente. Ademais, absorvo com mais eficiência os ângulos de visão do paciente, o que facilita-me ajustar as molduras que estão disponíveis pela Medicina ao quadro clínico.

Ao mesmo tempo em que desenvolvo a exposição “didática” sobre prós e contras diretamente para o paciente,  registro no seu prontuário, sem nenhuma economia de saliva ou de tinta ou de teclas informativas e esclarecedoras.

 Mas, o bioamigo contestará que não faltam notícias sobre má Medicina. É verdade que leva exponencialmente a responsabilidade do médico bem formado- em seus vários sentidos- com a sacralidade da imagem da beira do leito. Cada beira do leito precisa ser considerada pelo médico como “minha”. A consciência de “sua” beira do leito é a única forma de respeitar a presença do paciente, afinal, quem tem a posse, pois tudo vem dele e vai para ele.

Como se sabe, é preciso estar acordado para realizar os sonhos, razão pela qual é preciso estra de olhos bem abertos para dar o necessário equilíbrio entre a heteronomia das recomendações e a autonomia a que todo o paciente tem direito na beira do leito.

O médico pode estar atualizadíssimo com a literatura médica, pode ter à mão todos os recursos, mas não bastam as lentes da tecnociência  para o habilitar a praticar a melhor Medicina. Há doenças curáveis, há doenças controláveis, há doenças incontroláveis. É preciso incluir a atenção aos desejos, às preferências, aos objetivos e aos valores do paciente.

O ajuste de estratégias não pode desconsiderar o decálogo abaixo:

  1. Individualização da manifestação clínica
  2. Individualização da evolução terapêutica
  3. Particularidades biológicas do paciente
  4. Estado da arte sobre o necessário da Medicina
  5. Conhecimento e habilidade do profissional
  6. Vontade do paciente para a adesão
  7. Respeito à Ética profissional
  8. Normas do sistema de saúde
  9. Disponibilidades do sistema de saúde
  10. Disponibilidades da instituição de saúde

A beira do leito calibra o pêndulo da maturidade profissional que ora movimenta-se para o benefício, ora se movimenta para a segurança, sofrendo expansões ou limitações da excursão em função de vontades do paciente ou de danos inevitáveis. Maturidade profissional inclui conscientizar-se que excelência significa posicionar-se no limite superior  do possível para cada individualidade de caso.

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