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519- Bioética. Jovem, saiba por que surfar nesta onda

Onda é movimento, é agitação, é vibração. Assim como o planeta gira e muda, a beira do leito está sempre em percurso. Guias são fundamentais para manter o rumo em meio aos tipos de ondas vigentes.

Médicos amadurecem lidando com as diversidades das mesmas. Pois, o que lhe dá acúmulo de qualidade são os itinerários da beira do leito determinados pelas peculiaridades clínicas de cada caso. Estas integram o paciente como parte do conhecimento a ser manejado e orientam sobre que partes da Medicina devem ser complementaridades a  ele adaptáveis.

Constituem proporcionalidades tão diversificadas quanto agitadas, vibrantes, desafiantes. As combinações, quaisquer que sejam, requerem a prática de um profissionalismo acurado. O conjunto das suas características, necessárias para as boas práticas da Medicina, agrega a Bioética. Da parceria sobressai a calibragem da escala de prioridade entre os componentes da tríade formadora da competência- conhecimento, habilidade e atitude- que melhor se aplica no manejo de danos, sofrimentos ou incapacidades do paciente em virtude de disfunções de natureza física ou psicológica. A medida contribui para, ideal e simultaneamente, combater – o mal-, preservar- o que está bem- e não agravar – outros males coadjuvantes. É tríplice atenção que alerta: Muita prudência nesta hora! Intempestividades são vagalhões.

A Bioética anexa-se pelo valor que dá à qualidade de vida e à sobrevivência, pelo destaque que cada pessoa é um mix de saúde e de doença, pela conscientização sobre uma visão de Medicina plural, crítica e humana. Fármacos são salvadores, bisturis são exitosos, cateteres são admiráveis. mas eles têm que combinar com os percursos. Em outras palavras, a Bioética coopera para o equilíbrio entre autenticidade profissional – cujo representante tradicional é o raciocínio clínico- e legitimidades tecnocientíficas- cada vez mais embasadas em evidências captadas de modo sistematizado e desenvolvimento tecnológico.

A Bioética dá voz, dá ouvidos, dá olhar, dá sensibilidade aos diversos componentes do ecossistema da beira do leito, benesses de harmonização de (in)compreensões, evitação de absolutismos cientificistas, inibição de priorizações da satisfação intelectual, elementos que, em tese, empurram na direção do paciente, o alvo da atenção.

Quem milita na Bioética acha-a cativante, artesã, idealista, mas é minoria que tem tido enorme dificuldade em ampliar uma “catequese” na beira do leito. Há dificuldades para difundir, capilarizar, enraizar, embora, paradoxalmente, se verifique que muitos “não praticantes” aplicam bioética no seu dia a dia sem se aperceberem. É como se as indiferenças que eles aparentam resultassem da falta de compreensão do significado.

Esta Bioética de todos nós – consciente ou não – tem que se ajustar cada vez mais célere às ondas continuadas da Medicina de excelência. Inovações mostram-se aceleradas, transdisciplinares e altamente diversificadas, contribuindo para maior percentual de acertos diagnósticos, sucessos terapêuticos e resoluções preventivas.

Relaciono abaixo algumas razões por que a Bioética é instrumento essencial de cumprimento das exigências de contemporaneidade subentrante do profissionalismo. É um convite para adesão, um chamado sobre a estética da ética. Recentemente, um estudante de Medicina interessado sugeriu que seria atraente para o jovem o título: Venha surfar nesta onda! Adotei o apelo. Vamos lá!

  1. Você deve surfar nesta onda porque facilita manter consciente que noções de ética, refinamentos da boa comunicação e apreensões da moralidade são desenvolvidos a partir do contato pessoa a pessoa. Eu e você na beira do leito exige a ideia de nós.
  2. Você deve surfar nesta onda porque contribui para dar estilo à atenção às necessidades de saúde do paciente, desenvolver qualidades características que possibilitam, dentro do limites da ética, agradar desejos, preferências, objetivos e valores do paciente. Em suma, reforça que a participação ativa do paciente é bem-vinda.
  3. Você deve surfar nesta onda porque dá posto de sentinela às ciências humanas em relação a potenciais de deformação pelas ciências exatas, especialmente em tempos de iminência de forte ascensão da inteligência artificial e computação ultra avançada na beira do leito. A transdisciplinaridade que inclui a integração entre ciências exatas e humanas é conquista sem volta da beira do leito ética.
  4. Você deve surfar nesta onda porque destaca que por mais que a altíssima tecnologia seja imprescindível para dar eficiência a tanta abrangência e tanto aprofundamento da Medicina, é evidente que condutas clínicas no ecossistema da beira do leito envolvem obrigatoriamente pessoas, seres humanos distintos em caráter, personalidade e temperamento e com conotações sociológicas, filosóficas e éticas diversificadas. Haja vista que um certo percentual de pacientes capazes não dá consentimento para a aplicação de uma conduta útil e eficaz, que muitos estão numa fila aceitando. As ciências humanas jamais tornar-se-ão dispensáveis em meio a algoritmos maravilhosos.
  5. Você deve surfar nesta onda porque auxilia a reconhecer com justiça e prudência onde a tecnologia é superior e se concentrar nos demais aspectos, especialmente, os relativos à interação humana e desenvolvimento de raciocínios, algo como humanizar a tecnologia, o que remonta à preocupação original de van Rensselaer Potter (1911-2001), o Pai da Bioética.
  6. Você deve surfar nesta onda porque, simplesmente, nenhum médico deseja se tornar assistente subordinado a robôs.

A adoção da Bioética é capital para não se frustrar, para firmar posição de competência para conviver “com o bom” mostrando a legitimidade e a utilidade das próprias habilidades. Jovem, venha surfar nesta onda!

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