A segurança do paciente pode vir a padecer da miopia temporal do profissional da saúde, ou seja, uma tomada de decisão que toma em conta exclusivamente o momento presente e, em decorrência, cria chances para danos pela conduta no curto, médio ou longo prazo.
Desconsiderando emergência e urgência que podem admitir lógicas de extremo privilégio do instante, qualquer tomada de decisão deve se preocupar com a interação entre recuperação(controle) do órgão(função) comprometido, preservação do saudável e não agravamento de comorbidades. Por isso, a importância clínico da definição de objetivos terapêuticos no processo de tomada de decisão, vale dizer, uma visão do agora e do amanhã.
Cabe à prudência dar sustentação ao enfoque motivado não somente pelos benefícios a serem pretendidos, como também pelos riscos advindos, inclusive, reforce-se, pelas possibilidades já previsíveis pela Medicina de efeitos tardios.
É essencial a participação ativa do paciente na tomada de decisão em que o benefício imediato bastante valorizado pode representar danos expressivos na evolução, algo na linha do conceito comportamental do hot-cold empathy gap (George Freud Loewenstein -nascido em 1955). De fato, pacientes em razão de um viés cognitivo, pacientes tendem a estimar o momento atual de modo distinto, quer seja um estado de estabilidade clínica (“cold state”, em que uma superestimação do momento atual afasta o pensamento de novos eventos e pode comprometer a prevenção de “hot states”), quer seja um estado de instabilidade clínica (“hot state”, em que ocorre uma subestimação de demais fatores que podem se mostrar relevantes quando o “hot state” for controlado).