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492- O segredo conservador da beira do leito

Pretende-se que no ecossistema da beira do leito nada aconteça de modo anti-ético. Por isso, jovens médicos imaturos em relação a posicionamentos em confrontos com paciente/familiar que põem em risco o cumprimento do Código de Éticas médica vigente necessitam desenvolver consciência profissional sobre o significado contemporâneo de ser médico.

Cada vez mais, exerce-se uma Medicina inovadora mas que não pode dispensar um contingente expressivo de conteúdos tradicionais para a correta organização de métodos nas condutas diagnósticas, terapêuticas e preventivas. Esta mixagem continuada entre o velho e o novo requer interpretações dos artigos normativos do Código de Ética médica vigente pela fundamentação na Bioética sensível às diversidades de expressões das circunstâncias. Razão para a sua atualização periódica ao estilo das diretrizes (Diretrizes éticas).

Em meio às aceleradas mudanças tecnocientíficas e sociais de grande influência sobre a relação médico-paciente observada de maneira mais intensa nas últimas décadas, a vida profissional na beira do leito tem se transformado a ponto de gerar dúvidas sobre a eticidade de certos comportamentos inéditos sobre temas clássicos que surgem sustentados pela admissibilidade virtuosa da boa-fé, do bom senso e da seriedade de propósitos. Destacam-se neste contexto temas de comunicação posicionados em encruzilhadas do sigilo profissional.

A confidencialidade do paciente no médico é daquelas condições tradicionais que possuem vigorosa força anti-mudanças na sua essência. Ela é hipocrática imortal. Por mais que a humanidade tenha evoluído para o compartilhamento da privacidade e da intimidade- vide redes sociais-, o caráter de confessionário da relação médico-paciente persiste compromisso profissional inegociável. Qualquer pensamento distinto causará a destruição da Medicina, a tornará cúmplice a serviço de prejuízos para quem -o paciente- dela, pretendendo-a respeitável, solicitou ajuda para necessidades da saúde.  O médico como agente da Medicina tema a missão de quebrar o sigilo da doença, não do doente.

O que existe é a preocupação com a quebra do sigilo profissional por certa fragilidade de meios de comunicação modernos, utilidades inequívocas, porém passíveis de rastreamento por terceiros e revelação indevida. Em outras palavras, o ponto a ser focado não é a validade contemporânea do sigilo como tradicionalmente, mas a possibilidade da quebra fora da relação médico-paciente.

Assim precisa ficar reforçado e claro para quem atua profissionalmente na beira do leito que a tendência a uma disposição pessoal do paciente de se revelar doente, atraído e possuído pelo canto das sereias na própria ponta dos dedos tecladista, psicologicamente apegado, com atuação qual autômato, bem como o fato ter se tornado público de uma ou outra maneira, continua não outorgando direito ao médico para repercutir os fatos com explicita identificação do paciente sem a autorização do mesmo.

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