Tenho percebido um certo desagrado de colegas quando utilizo o termo paternalismo fraco. Por outro lado, o conceito em si não gera objeções morais, ou seja, há concordância que o médico não deveria aceitar um primeiro não consentimento do paciente capaz sobre uma recomendação que costuma ser uma novidade para ele e que é apresentada com itens de vantagens e de desvantagens. Aceita-se que o paciente possa estar insuficientemente esclarecido ou não houve tempo de uma melhor elaboração sobre o que de fato ele deseja.
Considerando a carga ética negativa que se apôs ao termo paternalismo, poderíamos nomear esta prática como um apoio médico estendido à autonomia do paciente por meio de uma insistência pedagógica pelo diálogo compreensivo acerca de opções, memórias, projeções e análise de conflitos. Há, ainda, influência subsequente no grau de adesão evolutivo.
Não é infrequente que o acréscimo de detalhes provocado pela melhor compreensão do médico sobre a recepção do paciente a suas palavras inicias pode ser transformador no sentido do consentimento livre (sempre) e esclarecido (mais). É oportunidade, igualmente, para que haja mais percepção pelo paciente de como o médico está se mostrando interessado na resolução do caso, sua atitude pró-ativa, sua linguagem não verbal.