É comum o consultor em Bioética deparar-se com um confronto entre argumento técnico-científico correto no lado do médico e opinião, crença, fé no lado do paciente. Espera-se uma posição sobre o que deve ser feito- ou não feito. Após aprofundamento sobre as justificativas em embate, prós e contras de caminhos de tomada de decisão são apresentados, idealmente partindo de premissas aceitáveis e chegando a conclusões ajustáveis às premissas. Na beira do leito não há julgamentos sobre predominância da beneficência ou da autonomia, há aconselhamentos sobre consequências previsíveis, há direcionamentos para conciliações que reúnam aceitabilidades de oposições originais.
Numa instância ulterior de julgamento ético, o dano alegado está numa etapa subsequente do dano presumido no decorrer da consultoria. Por isso, a experiência do consultor em Bioética contribui para expandir a visão presente e futura de efeitos de tomadas de decisão, adverte sobre responsabilidades e pondera que uma atitude de abertura e de tolerância não é uma violência a si próprio. Vale dizer, reduz uma posição de só assim para o médico treinado a pensar no benefício e para o paciente cônscio do direito ao livre-arbítrio.
Considerando que razões científicas e morais são sabidamente distintas em relação a fundamentação em evidências, o êxito de uma moderação pela Bioética passa pela grandeza de uso de lápis e borracha nos pensamentos inicias em busca de uma desenho se não idêntico, pelo menos compartilhando semelhanças.