Uma análise histórica dos Códigos de Ética Médica que se sucedem no Brasil há cerca de 90 anos permite entender que a beira do leito está constantemente em processo de ressignificação das realidades entre Medicina, médico, paciente, instituição de saúde e sistema de saúde.
Neste olhar em perspectiva de quase um século, verificam-se mudanças a respeito da consciência moral atuante na beira do leito, ou seja, sobre o entendimento da fluidez da boa e da má atitude em relação a verdades técnico-científicas, sociais e econômicas entre nós.
É de se supor, pois, que o processo de modificações nunca para de acontecer. Aliás, as sucessivas gerações de médicos que hoje convivem podem tranquilamente atestar. Assim sendo, deve-se considerar que um valor essencial da bagagem da formação do jovem médico ao longo dos seis anos da Faculdade é constituído pelas bases do comportamento de ser médico a ser ajustado à medida que a Medicina evolui.
Logo logo, os conhecimentos técnico-científicos aprendidos na Faculdade contraem-se no universo das atualidades , novidades não somente relativas às ciências da saúde, mas também relacionadas à comunicação em seu amplo sentido- literatura médica e relacionamento humano tradicionais e formas ultramodernas.
A Bioética contribui para o entendimento dos significados mutáveis das relações humanas ou não no ecossistema da beira do leito. Assim facilita dar segurança para a identidade profissional de quem se gradua num momento da Medicina e logo tem que lidar com novos conhecimentos e habilidades num ritmo galopante. Com agravante de se encontrar em meio a pluralidades étnicas, culturais e sócio-econômicas e sob tutela de um Código de Ética Médica que diz as proibições, mas não necessariamente aponta os caminhos corretos.