É crescente a frequência com que se criam novos métodos – ou aperfeiçoamentos nos existentes- na Medicina contemporânea. São inovações diagnósticas, terapêuticas e preventivas. Entretanto, a estrutura de pesquisa que os testaram e concluíram pela validade, utilidade e eficiência não tem total alcance sobre os efeitos, o que poderá determinar sobre órgãos e sistemas, quer isoladamente, quer em interação com demais métodos.
Da complexidade surge o valor da Bioética para o apoio a uma vigilância imprescindível. Ela compreende as chamadas curva de aprendizado profissional e fase de mercado. O denominador comum é o tempo, que forma memória sobre as experiências.
Por isso, a síndrome do último artigo publicado é perigosa. Ela é contagiante, entusiasma pela sensação de expansão do poder de resolução. Todavia, é um caminho de pedágios de um mundo real que não necessariamente aconteceu nas observações preliminares em função de necessidades de métodos de estudo, como critérios de inclusão e de exclusão.
Tudo isso significa que já a fase assistencial porque validada admite um sentido de pesquisa de âmbito observacional, quer em busca de ajustes de foco, quer determinando a desistência de utilização. A história da Medicina é rica em exemplos marcantes, inclusive aquele de uma consideração inicial de adversidade -hirsutismo- tornar-se maior utilidade do que a indicação original para uso- minoxidil.
Pelo habitual cenário de embates entre cenários de unanimidade (positiva ou negativa), visões divergentes e pequenas diferenças de posições sobre inovações em Medicina, é essencial que o médico da beira do leito saiba que é um pesquisador do mundo real, responsabilidade que lhe exige reflexão abrangedora, indagativa e autônoma sobre perspectivas possíveis, ou seja, que fique atento ao ainda não bem conhecido.
Não se bastar a uma recepção passiva de informação da novidade é um dos pontos de destaque da Bioética da Beira do leito.