A implementação tecnológica acelerada em Medicina observada neste início de século XXI e devidamente validada almeja informações fidedignas sobre o binômio doente-doença que incluem imagens “anatomopatológicas” e dados do sangue para que se tornem patognomônicos e, assim, serem utilizados como certezas baseadas em evidências. O uso clínico da genética entusiasma investimentos para o desenvolvimento da Medicina personalizada. Novos modos de pensar Medicina motivam exercícios de futurologia com credibilidade que provocam desejos para já o presente e, até, uma expressão de tolerância para o que ainda se faz. Uma nova comunhão de interesses no âmbito da relação médico-paciente interessa a Bioética!
Mais detalhamento, mais precisão diagnóstica, mais evidências de benefícios em vantagem sobre malefícios tendem ao desenvolvimento de um pensamento de Medicina caminhando no sentido de uma ciência exata. Todavia, 26 séculos de Medicina não permitem esquecer da espiral ascendente onde cada novidade suscita novos desafios, sustenta objetivos primários originais, porém por mais que se aproxime de certezas científicas no geral, a exatidão individual tem que lidar com a contraposição do caráter humano plural. A relação médico-paciente-sistema de saúde inclui reações biológicas e aplicações políticas peculiares. As incursões no subclínico, na prevenção e na terapêutica inédita, modificam o conceito de A Clínica é soberana para O paciente é soberano. Com ele, amplia-se o conceito de achado no sentido de uma procura ativa. Ademais, geram-se impactos complexos sobre a relação qualidade de vida/sobrevida individual e significado de responsabilidades sociais, estruturais e econômicas. Nele, robustece-se o valor do direito à autonomia do paciente frente aos vieses de paternalismo das aparelhagens, dos métodos um pouco mais beneficentes, mas não resolutivos e da interação com inteligência artificial que traz previsibilidades de novas instrumentalizações para os velhos diagnósticos fisiopatológico, etiopatogênico, clínico e anatômico. Aumenta a vigilância sobre o comportamento das dualidades benefício/malefício e superioridade/não inferioridade da fase clínica de pesquisas na chamada fase de mercado. Choques entre evidência tecnológica e destaques da condição humana suscitam a participação da Bioética!