Na assistência, docência, pesquisa e gestão a postura individual do médico traz reflexos na imagem perante a sociedade. É essencial que o médico tenha em mente que a Medicina é uma ciência e como tal não tem moralidade intrínseca. A sua subordinação à Ética é tradição transmitida à beira do leito pelo exemplo, eterno laboratório do vínculo médico-paciente, onde o médico, ser humano que é, está sujeito, na função, a conflitos de interesse, caso contrário se não houvesse, qual seria o objetivo do Código de Ética Médica? Se este existe é porque a ocorrência cotidiana de infrações à Ética e em todo o território brasileiro tem o potencial de prejudicar o prestígio e o bom conceito da profissão. Deste modo, a aplicação do estado da arte pelo médico pode seguir caminhos éticos ou não. A imensa maioria percorre o rumo da eticidade da formatura à aposentadoria. Certo percentual tropeça em algum artigo, circunstancialmente. A gravidade da eticopatia manifesta-se em raras ocasiões, razão para o ato de cassação, pouco, felizmente. De um lado, a atenção aos artigos do Código de Ética Médica é pedagógica, embora aprendizado pelo negativo (É vedado ao médico), e de outro, há a prevenção ideal, o valor da essência ontológica, o caráter e a consciência do médico guiando sua atitude. A correção de posturas ao longo da carreira é obediência natural aos princípios da Ética pela identificação à própria intimidade, os artigos são no máximo, catalizadores da mesma. Pode-se dizer que a Ética dá a estética das atividades no âmbito da Medicina. Assim, a forma com que há a condução das atividades é que sustenta o prestígio e o bom conceito, a identidade profissional que se deseja reconhecida pela sociedade. É para lembrança constante, que a limitação superior do médico é a Medicina, ele não pode realizar resultados para os quais não há métodos disponíveis dentro das fronteiras do conhecimento, e precisa manter uma comunicação com competência narrativa no decorrer dos acontecimentos do atendimento, pois o esclarecimento sobre as insuficiências instrumentais fará a diferença de interpretação sobre a qualidade do seu desempenho profissional. Insucessos não-médico-dependentes, pois empenho e saber foram aplicados, podem macular, indevidamente, o prestígio e o conceito da profissão por alta emoção de circunstantes e manchetes direcionadoras da opinião pública. A apuração por meio dos órgãos competentes é borracha efetiva para apagar riscos ao prestigio da classe médica, por mais que haja a possibilidade de a resposta à sociedade ser taxada de corporativista. Não há espaço para o corporativismo maligno, não se deve desejar aquele que inocenta porque é nosso colega, afinal diploma de médico não é salvo conduto de impunidade, mas sempre cabe a melhor compreensão sobre intimidades de ofício justificantes de atos de ajustes. Houve um desserviço à imagem do médico quando a palavra iatrogenia derivou para um sentido negativo. Precisamos desconstruir a sua conotação de erro profissional e reconstruir sobre o a etimologia de iatros (médico) a concepção que tudo é aplicação do médico e que os métodos aplicáveis da Medicina quebram a segurança do paciente dar ênfase que qualquer benefício embute potencial de males e que a eventual ocorrência dos mesmos não representa obrigatoriamente má prática. Ultimamente, a influência da Bioética tem balizado o equilíbrio entre as necessidades do paciente e seus desejos, preferências, objetivos e valores, e este acolhimento é fundamental para a admiração, o respeito e a boa reputação do médico.
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