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339- Na hora agá 3

Aproveitando os 3H da Ética Biocultural, uma internação hospitalar leva o paciente para o ecossistema da beira do leito com novas inter-relações entre (Co)Habitantes, Habitat e Hábitos.

O paciente passa ser co-habitante de desconhecidos que desejam lhe conhecer e o tratam como foco principal da atenção profissional. Na interação, ele representa o sujeito de maior vulnerabilidade deste ecossistema, devido, não somente, às consequências da enfermidade em si, como também aos efeitos dos cuidados necessários aplicados em âmbito multiprofissional e de conotação interdisciplinar. O paciente exerce o protagonismo da dedicação oferecida e é coadjuvante na concepção e na aplicação do benefício e da segurança. O direito ao consentimento ou não cria uma sensação de domínio da situação pelo paciente, contudo o mundo real ensina que ele exerce a auto-determinação com vigorosa influência dos co-habitantes. Dúvidas sobre procedimentos são esclarecidas no âmbito do médico e do enfermeiro, habitualmente, e apoios psicológico, social e administrativo costumam ser convocados para fins pró-assimilação do considerado útil e eficaz pela equipe. Em situações de incapacidade cognitiva, surge o co-habitante representante indicado ou legal e em circunstâncias de incapacidade física pode aparecer um co-habitante dito cuidador individual.

O habitat do paciente é sensivelmente modificado. Deixam de existir as variações habituais de locais dos períodos diurnos e noturnos com pluralidade de desempenhos. Nas 24 horas do dia de semana ou fim de semana, o paciente está confinado num espaço reduzido com mobilidade aquém da acostumada e exercendo um papel heteronômico consentido e repetitivo. Deslocamentos costumam ser para proximidades e por curta duração. Sons, visual, cheiros são incomuns para ele e, bem expressivo, todo o cenário tem como ponto central o seu leito de solteiro, alto e articulável, numerado e de posse temporária,  nada parecido com a mobília domiciliar. Uma porta sempre fechada e de livre acesso autorizado o separa do mundo.

Os hábitos dividem-se entre os pessoais que persistem possíveis e aqueles regulamentados pelo hospital. A higiene pessoal pode necessitar de ajudas, as refeições são padronizadas na quantidade, qualidade e horários, estar acordado ou dormindo não segue tão rigidamente o seu relógio de praxe. A nova rotina determina uma vestimenta não social sem chances de trocas frequentes e de uso de acessórios comuns. Tomar medicamentos, cuidar de acessos, realizar exames e procedimentos e submeter-se a controles periódicos tornam-se hábitos predominantes.

A Bioética da Beira do leito reconhece que individualidades de impacto destes inabituais 3H são fonte de muitos conflitos da beira do leito. Considerar a quebra da rotina como fator de influência sobre comportamentos indesejados pela equipe é indispensável, pois novas conexões em meio a mal-estares pela doença e pela condução das necessidades clínicas associam-se a dificuldades de homogeneização na cultura do novo ambiente com distintas relações de poder, responsabilidades e valores.

 

 

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