Férias são sempre bem-vindas. Um intervalo no costume que beneficia a sanidade. Bem aproveitadas, elas cooperam para a revitalização dos encontros do cotidiano como reencontros-reinícios com menos estresse e mais disposição criativa.
O desplugar-replugar da rotina ao promover baixa de tensões e eliminação de “escórias” mentais e físicas, presta-se a reduzir atritos e direcionar a energia para o mais proveitoso. É contexto onde o coração serve de exemplo quando trabalha e descansa sucessivamente mantendo qualidade estrutural e funcional.
A universal obrigação trabalhista a respeito de férias deriva da necessidade humana do repouso para restituição da força e da clareza. O símbolo criacionista do sétimo dia- 85,7 % x 14,3 %. A passagem do trabalho para o descanso após um grande período e deste para aquele após menor tempo – proporção anual semelhante à semanal (83,3% x 16,7%) parece ser suficiente para estimular a produtividade e inclusive, afastar o chamado burnout. Escravidão de si para si mesmo como instrumento de sucesso é ilusão que precisa ser conscientizada e reforçada pela maturidade.
A consultoria realizada por Comités de Bioética tem analogia com férias periódicas, pois o processo de relacionamento com o conflito como vinha acontecendo na beira do leito sofre uma interrupção que se pretende reversora de impactos estressantes. Há um reinício com oportunidade de novas relações entre o racional e o emocional acerca do encontro original conflituoso. Uma nova dinâmica de convivência visa a reencontro que sustente uma narrativa de ajustes e de conciliações. Uma pequena descontinuidade no ardor do confronto determinada pela intercessão do consultor afigura-se habitualmente já bastante útil para recriar uma atmosfera com ares propícios para uma condução ética da consultoria que viabilize redução de objeções e de intolerâncias.
Férias proveitosas costumam funcionar como uma segunda opinião sobre o modo de viver. O clima dado por novos estímulos pelo contato com desábitos pode trazer vontades, provocar a revisão de opiniões e reforçar hábitos, até eliminar sonhos equivocados. A consultoria por Comités de Bioética sobre os conflitos da beira do leito funciona também como uma segunda opinião. Uma modificação na disposição dos pensamentos então vigentes pela consultoria contribui para motivar ajustes possíveis na visão das partes. O objetivo é dar animação a um ganho global de nitidez tanto do respeito ao zelo e à prudência éticas e aos aspectos legais da responsabilidade profissional, quanto das preferências, desejos, valores e objetivos do paciente.
A pactuação com o ecossistema, a lida com assim sentidos despropósitos e a subsistência ante contraposições fazem parte da condição humana. O anseio pela não inferioridade – e superioridade- comunga com os desafios em relação à qualidade de vida e à sobrevivência desde as origens do ser humano.
A Antiguidade está repleta de figuras que representam associações de habilidades tendo o objetivo de somar eficiências e reduzir deficiências. Exemplo é o dragão de Marduk que conta com as forças de uma cobra e de um leão, conforme inscrito na porta de Ishtar do período da Neobabilônia, no reinado de Nabucodonosor II, exposto no Museu de Pérgamo em Berlim, famoso pelo magnífico acervo arqueológico. Há alguns séculos, Niccolo Machiavelli (1469-1527) ensinava que o príncipe para obter êxito precisava reunir a astúcia da raposa e a força física do leão. Modernamente, desenvolve-se a engenharia genética e almeja-se combinar genes para desenvolver a “montagem à la carte” de pessoas mais qualificadas do que determinadas pelo acaso dos encontros de genes à concepção.
A consultoria por Comissão de Bioética na beira do leito não vai criar novas pessoas, evidentemente. Não obstante, tem a faculdade de promover graus de harmonização entre ganhos disponíveis de usufruto da técnico-ciência, ajustes da visão de bem-estar e validades de significâncias, em meio a divergências acentuadas pelas vulnerabilidades associadas às necessidades de atenção à saúde.
Desta maneira, frente a uma relação médico-paciente conflituosa, a consultoria por Comité de Bioética ao promover conexões da ilha de rotina com o arquipélago admite uma analogia com as projeções e as decisões da condição humana para se ajustar aos desafios do cotidiano.