Estamos em época de Olimpíadas. Tocha olímpica, sensação de irmandade, demanda pelo melhor da condição humana. Calor humano, amparo a vulnerabilidades, busca pela excelência. Surge analogia com a Bioética.
Há valores envolvidos, assim como desejos, preferências e objetivos. Pretende-se uma atuação bem sucedida. Na beira do leito, pódio, medalha, recorde são substituídos por bons índices de qualidade na atenção técnico-científica e humana às necessidades de saúde do paciente. Limites e limitações são frequentemente superados por um misto de desenvolvimento tecnológico, ganho de expertise e determinação.
O desenrolar de uma competição segundo o chamado espírito olímpico e de um atendimento na área da saúde segundo um profissionalismo comungam 4 exigências ao ser humano integrado numa comunidade. Ordenam-se do extremo heteronômico para o autonômico, o conjunto de leis pertinentes, a deontologia, a ética profissional e a ética pessoal. A Bioética pretende contribuir com uma visão de intercessão horizontal sobre este quarteto.
Leis precisam ser cumpridas, mas não garantem qualidade ao atendimento médico. É essencial haver um corpo de doutrina determinado pela deontologia que gera deveres e pela ética profissional que configura peculiaridades a cada atividade. Todavia, o vigor do profissionalismo que proporciona confiança na sociedade a respeito do profissional da saúde depende sobremaneira da conexão pessoal com o atendimento, o comprometimento com uma autonomia moral, que, voltada para o bem comum, se pretende em superação a determinadas influências heteronômicas “oficiais” de normas, códigos e leis.
A Bioética que aprecia a conduta humana em biomedicina de acordo com princípios e valores morais numa situação de enfermidade, onde vulnerabilidades se acentuam, coopera com o Direito proporcionando não somente substrato ético como também esclarecimentos sobre termos de uso corrente e sistematizações validadas.
A Bioética auxilia a Deontologia tanto na atualização periódica dos Códigos de Ética sensível a novos tempos cada vez mais renovados, à necessidade de preservação da integridade profissional e à geração da confiança pela sociedade, quanto na interpretação circunstancial de suspeitas de infração profissional ao constante nos artigos.
A Bioética estimula o esmero com a ética pessoal, o que inclui o esforço constante para a busca e o encontro das melhores respostas à pluralidade das questões éticas do cotidiano que respeitem a prudência e o zelo e que resultem num consentimento.
No esporte, vale competir, na beira do leito, vale consentir!