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1769- Decido, logo existo (Parte 6)

Fusão, difusão e confusão em relação ao par – necessidades coagem e ilustram que liberdade na beira do leito nem sempre significa fazer o que se deseja – estão sujeitas a desempenhos profissionais que podem suscitar inquietações sobre indubitável atenção ao significado mais puro do mesmo, mas que são de difícil contestação. Alguns exemplos:

  1. O médico apresenta única opção de método quando outros seriam justificados. O método pode ter ficado bem esclarecido, mas a incompletude não é justificável. Falta de uma ampla experiência, carência de recursos disponíveis e conflitos de interesse são causas.
  2. A exposição da necessidade de aplicação do método acompanha-se de certas palavras sorrateiramente coercitivas.
  3. Uma nova exposição da necessidade de aplicação do método faz-se na presença de familiar com alta ascendência moral sobre o paciente, após a recusa inicial pelo paciente ter sido objeto de diálogo entre o médico e o familiar à margem do paciente.
  4. Entendimento pragmático pelo médico que na verdade o paciente não captou corretamente os prós e contras, mas que como entendeu produziu o consentimento.
  5. Cobrança pelo médico de uma decisão imediata pelo paciente indeciso numa situação eletiva.
  6. Terceirização do ato de consentimento para um documento apresentado ao paciente desassistido da possibilidade de apoio técnico, o simples Assine Aqui!, especialmente num momento de grande apreensão como à chegada do paciente no hospital para pouco tempo depois ser submetido ao procedimento conforme agendado.

Valor da Bioética da Beira do leito é o quanto sua colaboração ajuda a desdobrar ambiguidades e vaguezas na conexão médico⇔paciente a fim de simplificar tomadas de decisão por meio de mais consciência de interpretações e flexibilidades sobre necessidades específicas. Bom para quem? Útil para quem? Justo para quem? São questões ao gosto da Bioética da Beira do leito.

Mal-entendidos e falsas expressões de liberdade têm o potencial de construir “invisibilidades” para o médico, “bombas-relógio” aguardando momentos de desagrado com a evolução, na medida em que podem determinar respostas destituídas do espírito da autêntica e validável participação do paciente consciente de prós e contras e justificativas nos processos de tomada de decisão sobre sua própria saúde.

Por isso, os extratos da ciência voltados para os interesses de saúde do paciente em questão devem ser accessíveis a sua compreensão, na medida do possível, dentro do conceito que saber (legítimo) sustenta poder (autêntico). Saber como transmitir o necessário saber faz parte do compartilhamento de poder em tomadas de decisão entre médico e paciente alinhado ao princípio da autonomia.

A sociedade – enquanto conjunto de indivíduos – mudou o entendimento de “terceirizar de olhos fechados” em tomadas de decisão em temas da saúde para médico e profissionais da saúde em geral, ela passou a pretender participação ativa, desejável mudança de paradigma na conexão médico⇔paciente.

A sociedade organiza-se para contar com qualidade da medicina aplicada por profissionais competentes. Aplicação/submissão requerem conhecimentos, habilidades e atitudes que sustentem diagnósticos, tratamentos e prevenções. Há faculdades, há clínicas, há hospitais, há órgãos reguladores e fiscalizadores.

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