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1748- Individual e coletivo (Parte 2)

O conjunto de pacientes sujeita-se a domínios coletivos e individuais, aqueles com imposições a estes – como se observa no sistema de saúde – os quais têm direito de expressar-se de modo autônomo – singularidades – no âmbito de uma conexão médico-paciente.

As reciprocidades entre os horizontes coletivo e individual, as interlocuções entre o universal e o particular, os entrecruzamentos do pensamento médico e da lógica do paciente, sustentam apreciações do bom e do mau, do bem e do mal, do relevante e do irrelevante, do fundamental e do secundário. As combinações são infinitas.

A Bioética coopera para orientações morais conciliadoras entre individualidade e coletivo, contribui para estabelecer pontes entre questionamentos conflituosos em busca de entendimentos que possam integrar da melhor maneira possível beneficência com seus fundamentos coletivos, não maleficência com suas características coletivas e individuais e autonomia com sua expressão individual.

Não consinto, doutor é individualidade do paciente com potencial de desorganizar o coletivo, motivar ajustes de conduta e suscitar o paradoxo de que o médico deve se comprometer com a recusa do paciente e ao mesmo tempo ter consciência que pode estar sendo levado a se sujeitar a representações de erro profissional por ação alternativa ou omissão. A recusa pelo paciente justifica lacunas no atendimento, mas, nem sempre, ações alternativas que podem transpor as fronteiras da prudência.

Por isso, ênfase em certezas como ocorre no lado do paciente que responde por Não consinto, doutor não deve prosperar no lado médico sobre condutas ajustadas, dúvidas inconscientes costumam ficar de prontidão no médico(a) experiente.

A Bioética preconiza que o médico admita e manifeste abertamente as dúvidas geradas pelo Não consinto, doutor, o rebaixamento  de utilidade e eficácia da conduta, pois o compromisso profissional no melhor interesse do paciente e dúvidas não são antagônicos. O médico(a)   deve persistir com o que está autorizado apesar das dúvidas.

Não consinto, doutor é altamente pedagógico, o médico(a) aprende muito com contraposições do paciente, especialmente quando parecem inconciliáveis, são experiências que desenvolvem sensibilidade para uma comunicação autêntica, uma integração humana adaptativa em meio a fortes heteronomias.

Não consinto, doutor é sempre um novo que desafia, inspira e expande a consciência profissional, desconstrói e constrói, ajuda a desfazer intuitos de cientificismo e de tecnicismo, coopera para conviver com ansiedade e sentimento de culpa pelo não fazer involuntário numa realidade prática de individualidades o preconizado para um teórico coletivo. 

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