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1738- Proprietário e visitante (Parte 1)

Como disse Millor Fernandes (1923-2012) Livre pensar é só pensar! Acrescentemos que esta faculdade da inteligência natural arrisca-se a açodadas contraposições, mas há sempre a esperança que as eventuais contrariedades enquadrem-se no dito por Arthur Schopenhauer (1788-1860): Toda verdade passa por três estágios: primeiro é ridicularizada, a seguir oposta violentamente e por fim aceita como autoevidente.

Por isso, no ecossistema da beira do leito não devemos inibir a coragem criativa especialmente quando desejamos utilizar uma seleção de métodos tecnocientíficos e obter benquistos resultados humanos cientes que os significados podem variar imensamente dependendo do lado da conexão médico⇔paciente que se encontre. O regozijo profissional de ter conseguido chegar a um diagnóstico e que eleva a autoestima do médico(a) convive com a tristeza do paciente informado e, idealmente, ambos sentimentos adaptam-se e direcionam-se para a criatividade da esperança em possibilidades beneficentes.

Nenhuma profissão abdica da coragem criativa, a descoberta de novos caminhos, novos padrões, novos símbolos exigente de pessoas que valorizem e dirijam mudanças. A arte de aplicar medicina beneficia-se da coragem criativa alinhada à judiciosa consciência sobre expansões e limitações no ecossistema da beira do leito, por isso, as utilíssimas diretrizes clínicas fruto da coragem criativa que originou a medicina baseada em evidências são bússolas – gps, waze, mais modernamente – e não algemas. Curiosamente, a condução das etapas no modo algoritmo não significa “algo ritmado”, segundo os etimólogos trata-se de uma homenagem a um matemático do século IX.

O consentimento do paciente tornou-se essencial. Sim e Sim! Não é Não! Cabe Talvez! que precisa ser trabalhado num sentido ou noutro. Observa-se um majoritário Sim, doutor, consinto que rotula a conduta como consentida. A liberação do sinal verde no semáforo da beira do leito significa que o médico(a) teve permissão para entrar na privacidade mental do paciente, acionou sua capacidade de escolha respeitando a liberdade cognitiva e não violando a integridade mental,  e resultou a incorporação da recomendação livre e esclarecida.

Por outro lado, determinadas instâncias de não consentimento pelo paciente à recomendação médica correta podem vir a se enquadrar na sabedoria de Schopenhauer. Nos dias atuais, ela não deixa de ser um estímulo para atos de coragem que se contrapõem à tecnociência em nome de valores. O resultante “peso nos ombros” do paciente requer alívio por sua efetiva convicção.

É desejável que o médico(a) se interesse por esclarecer a negativa do paciente em busca das evidências e, assim, ter chance de revertê-la de modo ético. O paternalismo, o brando, é essencial para a obtenção de êxito. Esclarecendo, é o paternalismo forte que é antiético dada sua manifestação coercitiva. Pela feminização da medicina em curso, a Bioética da Beira do leito está propondo a inclusão do termo maternalismo, o brando, ao qual associa uma perspectiva de variantes vantajosas no desenvolvimento da conexão médica⇔paciente.

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