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1725- Inteligência artificial, convergência oficial? (Parte 3)

A inteligência humana sustentou a necessidade da aquisição de conhecimentos sobre as doenças. Como dito por Sun Tzu (544 aC-496 aC), assim como o sucesso é mais provável quando se conhece si próprio e o inimigo, o fracasso é quase certo quando não conhecemos nem nós nem o inimigo. Assim, o movimento natural de lucidez que se constituiu foi o de se aprofundar no conhecimento das manifestação clínicas e seus significados caso a caso, colecionar, classificar. A singularidade de um sintoma, a reunião numa síndrome e a formatação como uma doença foram captadas desde os pacientes, fruto da inteligência humana que nossos colegas antecedentes reuniram como dados – “small data” – , num aprendizado em serviço, ou seja examinando e reexaminando o paciente.

Desenvolveram-se o exame clínico, a anamnese e o uso dos órgãos dos sentidos, a visão de uma mancha na pele, a palpação de um fígado aumentado, a sensação de um odor característico de um coma diabético, urêmico ou hepáticos, a ausculta de ruídos cardíacos, até mesmo a degustação de urina na busca de glicosúria. Tudo detalhadamente anotado e de modo evolutivo. Após o óbito, o estudo direto dos órgãos do paciente permitia fazer correlações e assim, as doenças começaram a ser catalogadas e nos próximos casos, suas manifestações clínicas já podiam dar ideia do anátomo-funcional que acontecia no interior do corpo. Com o passar dos anos, exames complementares facilitaram tornar hipóteses diagnósticas em diagnósticos de certeza e justificar planejamento terapêutico.

Em suma, objetividade pela inteligência humana com domínio de uma coleção de modelos e técnicas de busca, percepção, raciocínio, decisão, planejamento. Neste contexto, a inteligência artificial tem a perspectiva de expandir  pelo acúmulo de semelhanças, por exemplo, em relação a imagens e suas interpretações. Uma atualização tecnocientífica ampliada de probabilidades.

Entretanto, a quíntupla conexão acima referida inclui subjetividades, admite adaptações relacionados à tolerância (opiniões, desejos, preferências, valores, objetivos) e, neste aspecto, ficam mais complexos os ajustes de subjetividades com as objetividades de uma máquina. A inteligência humana não pode ser dispensada, assim como a submissão à inteligência artificial deve ser esclarecida e livremente consentida pelo paciente .

É impossível cravar único sentido otimista ou pessimista na incorporação da inteligência artificial na medicina. A curva de aprendizado sobre expansões e limitações  selecionará onde poderá ajudar, atrapalhar, ser melhor ou pior, até porque cada pessoa tem suas formas de percepção haja vista a condição humana heterogênea e altamente sensível a impactos por exemplo de má notícias Em tese, aspectos mais objetivos trazem a perspectiva de maior competência, acertos, benefícios, mas o mais subjetivos o tempo dirá e certamente haverá forte influência sócio cultural.

Hipócrates distanciou o paciente da inteligência divina, a inteligência humana desenvolveu a medicina por 25 séculos e neste século XXI, uma “divinizada” inteligência nomeada como artificial, produto da inteligência humana e com chance de dela se afastar, se apresenta estabelecendo um eterno retorno, com a característica de agora pós-humana.  Em busca do desenvolvimento da confiança, a Bioética é fórum vantajoso!. Alô Bioética!

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