É cenário habitual: Por cerca de 10 anos, jovens recém saídos da adolescência tornam-se adultos utilizando habilidades para se educar em medicina e treinar ser/estar/ficar médico(a). Valem-se da inteligência para lidar com a complexidade da profissão, em velocidades, amplitudes e profundidades que sustentam tomadas de decisão e práticas que pretendem bem qualificadas. A educação consistente e o treinamento intenso incorporados graças a uma natural inteligência provém competência profissional, reunião de conhecimentos, habilidades e atitudes.
Atualmente, o novelo de condutores da competência do médico(a) inclui diretrizes clínicas ligadas à medicina baseada em evidências, exemplos/orientações de colegas e um conjunto de artigos do Código de Ética Médica vigente, sendo o aprendizado em serviço essencial para o fio da meada direcionar-se numa espiral ascendente.
Ficar médico(a) é desenvolver uma memória crítica, estar médico(a) é atingir uma memória profissional que possa ser chamada de experiência e ser médico(a) é aplicá-la convenientemente nas circunstâncias.
Portanto, a qualidade da atuação do médico(a) diz respeito ao que incorpora e desincorpora continuadamente, construções e desconstruções sequentes, observando-se que há limite humano de sua capacidade física e mental para lidar com fatos e dados.
A profissão costuma acarretar um estado de plantão mental permanente de direcionamento para incorporação tecnocientífica mesmo em momentos longe de atuação que nunca desliga.
A repetição de atos sob pedagógica supervisão de outro ou de si próprio é método fundamental para ganho de qualidade, aperfeiçoamentos, evitação de erros. Cada repetição é um novo cenário que acresce na coleção. O desenvolvimento da coleção reúne diferenças mais ou menos evidentes. As habilidades humanas para processar cada vez mais possibilidades diagnósticas e terapêuticas, bem como perspectivas prognósticas, colidem com limitações da memória natural, quer por questões de capacidade de armazenamento, quer por aspectos individuais de influência na utilização. A partir da década de 1950, a humanidade conta a crescente e acelerada disponibilidade da memória artificial que chegou com os computadores, inteligência de um cérebro eletrônico.
Passadas cerca de sete décadas, o futuro da conexão médico-paciente-medicina-instituição de saúde-sistema de saúde está fortemente alinhado à incorporação da inteligência artificial inserida em máquinas com ou sem um design de reprodução humana que realiza a ficção de um ser não humano para cuidar do trabalho pesado. O termo inteligência artificial abrange ampla gama de conceitos diferentes, conteúdos “de fábrica” e/ou conteúdos reconhecidos “em serviço” e integração crítica entre saber e sabedoria em nome da ética.
Ele convive com expectativas, entusiasmos e preocupações fundadas e infundadas na área da saúde. Como na parábola do reconhecimento de um elefante por cegos, cada um percebe o animal de acordo com o que pode captar na posição em que se coloca e não consegue, nem aceitar o que os outros descrevem, nem, sozinho, ter uma visão do conjunto.