Exemplo de escolha de palavras para evitar uma ideia de imposição é o médico manifestar que o paciente vai precisar de um determinado método caso venha a ocorrer alguma situação tendo sido mais apropriado dizer então que haverá necessidade de avaliar opções que seriam… com prós e contras.
A comunicação de boa notícia não requer, comumente, a mesma precaução com o conjunto acima citado que é exigida para a comunicação de má notícia, emissão e captação ganham fluidos de harmonia quando o alívio de preocupações predomina. Entretanto, aspecto importante é que nem sempre a adjetivação radical – boa ou má – é aplicada de modo semelhante por médico e paciente ao mesmo fato, pesos e impactos são volúveis.
Uma coisa é falar e ouvir sobre um mau prognóstico da doença- forte exemplo de indubitável má notícia -, outra coisa é o médico falar entusiasmado sobre a forte beneficência de um ato cirúrgico – para si uma boa notícia graças ao progresso da medicina – e o paciente ouvir com desespero a necessidade da submissão, ciente de riscos, imaginando dores e sofrimentos como inevitáveis.
A maturidade profissional é lápis e borracha no sentido de organizar a comunicação que seja ao mesmo tempo a mais sincera e a menos violenta, mas, não pode ser desprezado que cada médico tem sua personalidade profissional, seu estilo de comunicação, seu nível de empatia. Quem não se lembra do antissocial Dr. House?
A Bioética da Beira do leito enfatiza que a arte de aplicar ciência enriquece-se pela incorporação crítica das experiências obtidas da comunicação médico⇔paciente que ampliam a competência para lidar de modo realista, sensato e objetivo com a pluralidade do que medicina representa para cada um deles a cada circunstância do atendimento. Evidência e deferência!
Pegando carona no início de Anna Karenina de Leon Tolstoi (1828-1910): Todas as comunicações tendentes a harmônicas entre médico e paciente na beira do leito se parecem umas com as outras, cada comunicação em divergência entre eles é complexa a sua maneira.